Bancada vota unida e Senado rejeita venda da Amazonas Energia
Aguinaldo Rodrigues
Publicado em: 16/10/2018 às 19:22 | Atualizado em: 16/10/2018 às 19:22
O plenário do Senado rejeitou hoje, dia 16, o projeto que permitiria a privatização da empresa Amazonas Energia e de mais cinco distribuidoras do grupo Eletrobrás. A proposta de lei complementar, do governo federal, queria resolver pendências jurídicas para despertar o interesse de investidores pelas empresas, principalmente as instaladas na região Norte.
Aprovada pelas comissões de Assuntos Econômicos, de Constituição, Justiça e Cidadania e de Serviços de Infraestrutura no início de setembro, a matéria foi enviada ao plenário em regime de urgência.
Depois de muito debate, o projeto foi colocado em votação. A oposição pediu a verificação do quórum, fazendo com que a votação passasse de simbólica para nominal — quando cada senador precisa votar por meio do sistema eletrônico.
O painel, então, mostrou 34 senadores contrários à matéria e apenas 18 favoráveis.
Senadores do Amazonas alinhados
Os senadores Omar Aziz (PSD), Eduardo Braga (MDB) e Vanessa Grazziotin (PCdoB) votaram contra a privatização da Amazonas Energia e das demais empresas.
Braga defendeu seu relatório, aprovado na Comissão de Infraestrutura, no qual foram acatadas uma série de emendas.
Para ele, as emendas poderiam evitar que a dívida da Amazonas Energia fosse transferida para o consumidor do seu estado, além de afastar uma possível liquidação da empresa.
De acordo com Braga, o valor da dívida da companhia pode chegar a R$ 11 bilhões, considerando o passivo da empresa. Ele lembrou que as outras companhias da região Norte já foram negociadas.
Vanessa criticou o valor pedido pelo governo para negociar a companhia, R$ 50 mil, e disse que o ideal seria decidir sobre o projeto no próximo ano, depois de definidas as eleições presidenciais.
Omar também reforçou essa ideia de que a questão deve ficar para a próxima legislatura. “O Brasil tem regiões diferentes. Não podemos pensar que toda situação é igual”, disse, pedindo que a Amazonas Energia fosse retirada do projeto e criticando o governo Michel Temer (MDB).
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Companhias já vendidas e à venda
Algumas dessas empresas já foram negociadas. A Companhia de Eletricidade do Acre (Eletroacre), as Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron) e a Boa Vista Energia, que atende Roraima, já foram arrematadas no último dia 30 de agosto, em leilão promovido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Em julho, foi vendida a Companhia de Energia do Piauí (Cepisa).
Além dessas, o governo pretendia vender a Amazonas Energia e a Companhia Energética de Alagoas (Ceal). O leilão desta, no entanto, foi suspenso por decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Fonte: Agência Senado
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado