Um orçamento secreto de R$ 3 bilhões de recursos do Ministério de Desenvolvimento Regional em esquema terceirizado para deputados e senadores em forma de emendas. Uma pequena parte, de R$ 271,8 milhões, foi para compra superfaturada de máquinas pesadas.
Conforme denúncia publicada neste sábado (8) pelo jornal O Estado de São Paulo, o superfaturamento de preços é de até 259%.
Esse é o esquema que teria sido montado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), no final do ano passado. Sua intenção era conquistar o apoio parlamentar de sua base no Congresso Nacional.
Segundo o jornal, um volume de pelo menos 101 ofícios de parlamentares ao ministério comprova o esquema de Bolsonaro.
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Vale quanto pesa
Quanto cada senador e deputado levou dependeu do seu grau de apoio a Bolsonaro. E tudo aconteceu na surdina nos acordos para direcionar os recursos, já que não foram tornados públicos.
Além disso, os ofícios parlamentares comprovam que o dinheiro público foi repassado fora das leis orçamentárias. Dessa forma, o destino do recurso ficava ao bel-prazer dos ministros, conforme indicado pelo parlamentar.
Davi Alcolumbre (DEM-AP), ex-presidente do Senado, é um caso simbólico do funcionamento do esquema.
Ele (e não o ministro) indicou ao Ministério do Desenvolvimento Regional onde aplicar R$ 277 milhões. Não fosse o esquema secreto de Bolsonaro, Alcolumbre levaria 34 anos para alcançar esse valor em emendas normais.
O mais grave, contudo, é que esse esquema dificulta o necessário acompanhamento dos órgãos de controle. Como o TCU (Tribunal de Contas da União).
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Amazonas aparece
O deputado federal Bosco Saraiva (Solidariedade), do Amazonas, é usado como exemplo disso. Ele direcionou emenda de R$ 4 milhões para município de Goiás comprar máquinas agrícolas. Bem distante, portanto, do seu estado.
E o pior é que para essa compra seria necessário apenas R$ 2,8 milhões, segundo o Estadão.
Em suma, Bolsonaro encontrou uma forma alternativa de compensar o parlamento diante do discurso de que não loteia cargos do primeiro escalão do governo.
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Foto: Reprodução/Adufmat.org.br