Formada para acompanhar o caso do desaparecimento do indigenista brasileiro Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, a comissão externa do Senado vai aprovar seu plano de trabalho na próxima segunda-feira (20).
Apesar dos irmãos Oseney e Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado”, terem confessado o crime e indicado a localização dos corpos na região do Vale do Javari, a viajem para o Amazonas está mantida.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que propôs a criação do grupo, já havia falado sobre o caráter amplo da comissão que terá o papel de levantar sobre as causas que resultaram no assassinato dos dois profissionais.
“Na reunião formal do dia 20 teremos uma definição logística e estrutural da viagem ao interior do Amazonas e também um encaminhamento mais completo sobre como a comissão atuará durante os próximos dois meses”.
De acordo com Rodrigues, ao final de quatro anos do governo Bolsonaro, a Amazônia foi entregue ao banditismo, crime organizado, garimpo ilegal, madeireiras ilegais e narcotráfico.
“Isso porque foram desmantelados todos os mecanismos e instrumentos que existiam de defesa da Amazônia”.
Nesta quarta-feira (15), o senador criticou o presidente Jair Bolsonaro (PL) por declarar que Dom, colaborador do The Guardian, “era mal visto” por “fazer matéria contra garimpeiros.”
“Bolsonaro quer justificar o BANDITISMO que se agravou na Amazônia por conta do governo DELE! É desumano ao ponto de tentar culpar uma vítima pelo seu próprio desaparecimento! A culpa, Bolsonaro, é de quem destrói os órgãos de proteção do Meio Ambiente!”, escreveu no Twitter.
Nenhum senador do Amazonas está na lista dos que vão fazer parte da comissão. Dos nove membros, oito já foram indicados.
São eles, além de Rodrigues, Humberto Costa (PT-PE), Leila Barros (PDT-DF) e Eliziane Gama (Cidadania-MA), Fabiano Contarato (PT-ES), Telmário Mota (Pros-RR), Nelsinho Trad (PSD-MS) e Eduardo Velloso (União Brasil-AC).
Câmara
O plenário da Câmara aprovou, nesta quarta-feira (15), a criação de comissão externa para investigar as circunstâncias do desaparecimento e morte de Bruno e Dom.
Além de acompanhar as investigações, o grupo vai atuar na fiscalização das ações desenvolvidas pelos órgãos competente e propor providências para o combate do aumento da criminalidade na região.
O requerimento pedindo a criação do colegiado foi apresentado pela deputada indígena Joenia Wapichana (Rede-RR).
O deputado José Ricardo (PT-AM) está sendo indicado como coordenador.
“As notícias de hoje já trazem Bruno e Dom como vítimas de assassinato. Faremos cobranças para elucidar esse caso junto à comissão externa, com transparência e responsabilidade, como também iremos apurar a omissão do poder público, governo federal e estadual, na segurança dos povos indígenas”, disse Ricardo.
Além dele, farão parte da comissão Joenia Wapichana, Alencar Santana (PT-SP), Nito Tatto (PT-SP), Vivi Reis (Psol-PA), Túlio Gadêlha (Rede-PE), Camilo Capiberibe (PSB-AP), Bira Pindaré (PSB-MA), Airton Faleiro (PT-PA), Reginaldo Lopes (PT-MG), Talíria Petrone (Psol-RJ) e Alessandro Molon (PSB-RJ).
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Foto: Geraldo Magela/Agência Senado