Iran Alfaia , de Brasília
Pelo semblante dos parlamentares da bancada do Amazonas ao deixar a audiência com o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), nesta quinta-feira, dia 11, no Palácio do Planalto, já foi possível deduzir que não houve avanços concretos na pauta mínima apresentada por eles ao chefe do governo federal.
“A reunião foi tranquila, mas não boa, porque nós não resolvemos nada”, resumiu o clima do encontro o coordenador da bancada, senador Omar Aziz (PSD).
Bolsonaro recebeu os parlamentares falando de amenidades, de situações envolvendo as viagens que fez ao exterior. O clima ameno foi quebrado quando os assuntos locais ocuparam a conversa.
O presidente então fez críticas a seus assessores porque não teriam lhe antecipado a pauta. Disse que era importante na reunião que o ministro da Economia, Paulo Guedes, que se encontrava em viagem, estivesse presente. Nenhum assessor participou do encontro.
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Detalhamento fica para ministro
Já no final da reunião entrou na sala o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que, com o aval do chefe, marcou outra reunião entre ele e a bancada para a próxima terça, no Senado, para detalhar cada ponto da pauta.
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Demandas às mãos de Bolsonaro
Com o presidente não sabendo nada, os parlamentares lhe apresentaram as demandas mais urgentes.
A primeira, a portaria 4, publicada pelo Ministério da Economia propondo alteração do PPB (processo produtivo básico) de terminal portátil de telefonia celular, considerada extremamente prejudicial para a Zona Franca de Manaus (ZFM).
A segunda, a urgência pela definição de uma alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) competitiva para o setor de concentrados de refrigerantes no polo industrial da ZFM.
No final do mês de junho, a alíquota do IPI na produção de concentrados usados na fabricação de refrigerantes vai cair de 12% para 8% e, no final de dezembro, para apenas 4%, o que na prática inviabiliza o setor no Amazonas.
Os deputados e senadores trabalham para estabelecer uma alíquota intermediária, entre 8 e 12%, até o final de 2020.
O asfaltamento da BR-319, a construção de porto público na cidade de Manaus, a construção e recuperação de aeroportos e aeródromos no interior e a conexão de internet nos municípios por meio do projeto Amazônia Conectada foram os demais assuntos que chegaram ao conhecimento de Bolsonaro.
“Teremos uma reunião com o ministro da Casa Civil no Senado para que a gente possa dar andamento nessa pauta, porque nós temos presa, o tempo é curto para que a gente resolva esse problema”, disse Omar Aziz à imprensa na saída do encontro.
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Por fora da pauta
“Infelizmente, na minha avaliação, o presidente está por fora de todos os assuntos. Isso é muito ruim para o Amazonas, porque nós temos questão importantíssima como a Zona Franca de Manaus, como as mudanças no PPB, isso afeta muito”, afirmou o deputado José Ricardo (PT), que considerou uma reunião protocolar.
Para o senador Plínio Valério (PSDB), foi o tipo de reunião em que se acaba não resolvendo nada.
“Mas, a gente acha que foi proveitosa porque passamos as principais preocupações para ele [Bolsonaro], que não tinha conhecimento, como a situação do polo de concentrados. O ministro Onyx marcou reunião na terça no Senado já para definir”, disse.
Foto: BNC Amazonas