Governo Bolsonaro não tira do papel linhão Manaus-Boa Vista
As obras não começaram por problemas no próprio governo, aponta o Estadão.

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 14/09/2022 às 12:14 | Atualizado em: 15/09/2022 às 18:46
Apesar das promessas, o governo de Jair Bolsonaro (PL) não conseguiu dar início à construção do linhão de energia elétrica Tucuruí entre as capitais Manaus e Boa Vista. O objetivo era inserir o estado de Roraima no Sistema Interligado Nacional.
Reportagem do Estadão desta quarta-feira (14) revelou que as obras não começaram por problemas no próprio governo.
Uma reunião entre a Transnorte Energia, dona do projeto, com representantes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), deixou claro que não houve avanços por falta de posicionamento oficial do Ministério de Minas e Energia, Ibama e Funai.
“O que foi negociado foi aceito pela empresa e indígenas. Resta o aceite do governo federal”, disse a concessionária ao jornal.
A obra do linhão não havia sido autorizada em decorrência do impacto ecológico imposto à terra indígena Waimiri- Atroari, onde vivem mais de 2.300 pessoas. Dos 720 quilômetros da linha de transmissão, 122 passam pela reserva. A BR-174 também corta a área dos índios por cerca de 123 quilômetros.
Pressionado por ações na Justiça, o governo aceitou a proposta de compensação da Associação Waimiri-Atroari. Por ela, propôs pagar uma indenização de R$ 133 milhões pelos prejuízos ao território, modos de vida e cultura indígenas.
Juliana Paula Batista, advogada do Instituto Socioambiental (ISA), diz que a situação chegou a esse ponto por causa da incapacidade do atual governo. Leia o post que ela fez no Twitter neste dia 14:

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Promessas
Há um ano, em setembro do ano passado, Bolsonaro esteve em Roraima para lançar a pedra fundamental da obra.
“Depois de mais de dez anos de espera, finalmente Roraima não mais dependerá de termoelétricas, caras e poluentes”. Foi o que afirmou o presidente em discurso.
Disse ainda que se tratava de um leilão inédito de energia limpa que daria autossuficiência a Roraima até o final daquele ano.
“O último obstáculo para o início das obras foi vencido e nós temos uma pedra aqui do lado, a pedra fundamental para o início da construção do linhão”, disse Bolsonaro, em mais uma das promessas não cumpridas com a Amazônia.
Foto: Alan Santos/Presidência da República