PGR dá parecer contra arquivamento da investigação das ‘rachadinhas’
No recurso, o advogado Frederick Wassef afirma ao STF que o caso deve ser encerrado porque houve ilegalidades ao longo da investigação

Diamantino Junior
Publicado em: 10/08/2021 às 19:00 | Atualizado em: 10/08/2021 às 19:00
O procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, opinou contra o pedido da defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) ao Supremo Tribunal Federal (STF) para arquivar as investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro no caso das “rachadinhas” na Assembleia Legislativa do Rio. O pedido corre sob sigilo no Supremo.
De acordo com informações obtidas pelo GLOBO, Aras afirma, no parecer, não reconhecer as ilegalidades apontadas pelos advogados do filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e diz não ver o constrangimento ilegal alegado pela defesa.
Por isso, o procurador-geral da República opinou para que o pedido de habeas corpus seja negado pelo Supremo.
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Segundo a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro, as chamadas “rachadinhas” eram o esquema segundo o qual assessores do gabinete de Flávio Bolsonaro, então deputado estadual, devolviam parte da remuneração que recebiam.
No recurso, o advogado Frederick Wassef afirma ao STF que o caso deve ser encerrado porque houve ilegalidades ao longo da investigação — como os relatórios produzidos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e compartilhados com o Ministério Público do Rio de Janeiro que embasaram a investigação aberta em 2018.
Ataques
A jornalista Juliana Dal Piva, colunista do UOL, relatou na noite desta sexta-feira (09) ter recebido ataques de Frederick Wassef, que se apresenta como advogado de Jair Bolsonaro e defende o senador Flávio Bolsonaro. “Lá na China você desapareceria e não iriam nem encontrar o seu corpo”, disse Wassef, em mensagem enviada pelo WhatsApp.
Dal Piva é autora de reportagem que publicou nesta semana áudios atribuídos a ex-cunhada de Jair Bolsonaro, Andrea Valle, na qual ela afirma que, quando era deputado, o atual presidente mandou demitir do gabinete assessor que não devolvia os valores exigidos.
“Você está feliz e realizada por atacar e tentar destruir o Presidente do Brasil, sua família e seu advogado?”, questionou Wassef.
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Procurada pelo Estadão, Dal Piva afirmou que o departamento jurídico do UOL foi acionado para analisar o que cabe registrar de ação.
“Foi uma clara tentativa de intimidação”, disse a jornalista. “Quando falei com ele na sexta passada pra pegar a posição antes da conclusão do material que publicamos essa semana ele falou comigo normalmente, como outras vezes. Hoje, no fim da tarde, veio com essa mensagem absurda.”
“Repudiamos o ataque cometido pelo advogado do presidente Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, contra nossa colunista Juliana Dal Piva e reiteramos nosso apoio ao seu trabalho e nosso compromisso com o jornalismo sério, independente, apartidário e voltado para atender o interesse público”, afirma o jornalista Alexandre Gimenez, gerente-geral de Notícias e Entretenimento do UOL.
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Foto: divulgação