Pouco antes de seguir nesta manhã (23) para reunião do comitê de monitoramento da pandemia do coronavírus (covid-19), o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), conversou com o secretário de Segurança Pública (SSP), Louismar Bonates. E passou uma ordem clara: acabou a tolerância com as festas clandestinas em Manaus.
A ordem às forças de segurança é encerrar, fechar e interditar o local e apreender bebidas e equipamentos de som. Conforme o governador, acabou a fase de fiscalização instrutiva porque aglomerações se proliferam.
Segundo afirmou, o governo vinha combatendo esses eventos, mas até aqui de forma educativa. “A partir de agora a fiscalização vai endurecer o jogo”.
Números
De acordo com Wilson Lima, sua decisão é com base nos números do coronavírus no Amazonas. Explicou que as estatísticas da doença neste fim de ano mostram acentuada curva de registros de mortes, infecção e, principalmente, hospitalizações.
Como resultado, a rede de saúde pública e privada tem hoje alta taxa de ocupação de leitos. A tal ponto de os índices se assemelharem aos do começo da queda do pico das contaminações, no fim de maio.
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Internações e sufoco
Embora os casos de óbitos sejam menores, na comparação com maio, as internações saltam. Ontem, por exemplo, foram internados 57 pacientes. Desses, 53 em hospitais da capital.
Isso mostra que o interior está enviando seus doentes para tratamento em Manaus. Isso por uma razão simples: a capital é a única das 62 cidades do Amazonas a dispor de leitos de UTI.
Em consequência, a taxa de ocupação de leitos de UTI hoje é de 82,3%. Tal nível se aproxima do experimentado no Amazonas no pico da epidemia do coronavírus. O sufoco é maior no Delphina Aziz, onde a taxa passa de 90%.
Esse dado foi publicado no boletim do dia 22 da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS).
Como forma de aliviar a pressão sobre o sistema, Wilson Lima executa plano de contingência. Uma das providências é ampliar o número de leitos específicos para pacientes da doença. Além do hospital-referência, o Delphina Aziz, outras grandes unidades são preparadas para absorver a demanda crescente de doentes.
Conforme o governador, esse plano começou a ser praticado em novembro. Foi quando percebeu o recrudescimento da epidemia e o governo se antecipou a possível crise. Tal plano prevê cinco fases de medidas, das quais três delas foram acionadas em apenas dois meses. É que, além da covid, a rede hospitalar se depara com crescimento de internações por casos de violência e doenças crônicas .
Ao mesmo tempo em que amplia leitos para coronavírus, o governo toma outras providências. Por exemplo, maior rigor contra os que promovem aglomerações e facilitam a propagação do vírus. E hoje ainda o governador deve anunciar medidas de restrição para o período de festas de fim de ano.
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Recuo e restrições
Além do endurecimento com festas clandestinas, o governador vai anunciar outras medidas na reunião com o comitê.
São decisões tomadas em conjunto no colegiado como forma de frear o avanço da doença. Desse encontro participam representantes do comércio e serviços, e de poderes públicos.
Fotos: Michel Mello/Secom