O relator da reforma tributária, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), confirmou que as vantagens comparativas da Zona Franca de Manaus (ZFM) serão mantidas na Proposta de Emenda à Constituição (PEC 45/19) que será votada pela Câmara dos Deputados.
Após reunião fechada de quase duas horas com os integrantes do grupo de trabalho (GT), o relator divulgou o relatório preliminar dos pontos que vão constar na PEC.
O grupo de trabalho trouxe como diretriz a manutenção de dois regimes tributários favorecidos atualmente estabelecidos em nossa Constituição: a Zona Franca de Manaus e o Simples Nacional.
“Em relação à Zona Franca, os esclarecimentos dos deputados Sidney Leite, Saullo Vianna e Adail Filho, bem como a visita do grupo de trabalho a Manaus deixaram clara sua essencialidade para o desenvolvimento socioeconômico da região Norte”, diz o texto do relator.
Considerou também que o modelo é importante para a preservação do meio ambiente. “Com efeito, juntamente com a inserção da região amazônica nas cadeias de produção, sua ocupação ordenada é decisiva no auxílio à preservação dos biomas locais”, diz..
“Assim, foi compreendido que se faz necessário garantir os empreendimentos da região por tal regime, previsto até o ano de 2073, enquanto avançamos na construção de um novo modelo que ganhe em eficiência e competitividade, garantindo a expansão de empregos e a manutenção do seu patrimônio ambiental, tão importante para a soberania do país”, justificou o relator.
Portanto, a manutenção do modelo até 2073, conforme estabelece a Constituição, está assegurada. Nas próximas semanas vão ser definidas de que forma isso se acontecerá.
Com a criação do Imposto Sobre Valor Agregado (IVA), serão extintos tributos que fazem parte da cesta de incentivos das indústrias da ZFM como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre produtos industrializados (IPI) e o Imposto de Importação (II).
Leia mais
Propostas
Entre as propostas já debatidas com os governos federal e estadual, está a criação de um sistema de crédito presumido e o imposto seletivo para manter os benefícios fiscais até 2073.
“A gente vai lutar também pra que tenha um fundo pra que a gente possa desenvolver nova matriz econômica no estado”, antecipou o deputado Saullo Vianna (União-AM), integrante do grupo de trabalho.
“A solução principal, que a gente lutava desde o início era a manutenção dentro da PEC. Isso está assegurado pelo relator. Vai se manter as vantagens corporativas da Zona Franca de Manaus com as indústrias, empregos e a preservação do meio ambiente”, comemorou Vianna.
De acordo com ele, a partir da decisão vai se definir a construção política. “São vários [caminhos]. O governo tem sinalizado positivamente para essas alternativas que a gente quer incluir na construção do texto, mas o mais importante é que a gente tenha assegurado a manutenção da Zona Franca”, explicou.
Leia mais
IVA
Outro integrante do grupo de trabalho, o deputado Sidney Leite (PSD), diz que o mais provável é o financiamento direto do poder público, uma vez que a Zona Franca não terá subsídio fiscal com a criação do IVA.
Ele explicou que no GT não houve um debate dessa natureza, ou seja, o detalhamento. O que ficou assegurado é que tanto na PEC quanto no projeto de lei complementar da reforma o modelo da Zona Franca está assegurado.
“Nas próximas duas ou três semanas vem a solução. Hoje é a garantia de que não terá prejuízos. Será mantida as vantagens cooperativas”, festejou o parlamentar.
Como fica
O relatório, que traz as diretrizes que constarão na PEC, prevê a criação do IVA dual, dois impostos que vão centralizar cinco tributos sobre consumo.
No IVA federal, estarão reunidos Imposto sobre produtos industrializados (IPI), PIS e Cofins. Já no IVA subnacional irá juntar Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto Sobre Serviços (ISS).
Foto: Lula Marques/Agência Brasil