A capital do Amazonas tem 64% da população do estado. Na semana do festival, a pergunta que não quer calar em Manaus é: “Tu vais a Parintins?”.
Em Parintins, por outro lado, pergunta-se: “Fulano e sicrano vêm neste ano?”. “Fulano chega na quarta, sicrano na quinta”. Os que ficam têm a impressão de que a enorme Manaus se esvazia.
Parte significativa do público do festival é de parintinenses residentes na capital, seus descendentes e amigos. Assim, estar na ilha é também um ritual familiar.
Quem chega faz a peregrinação nas casas de parentes e amigos para conversar, comer juntos, à vontade e com as mãos.
A comida à mesa é puro afeto e identidade. O paladar é, predominantemente, indígena, no qual reinam peixes e produtos dos roçados amazônicos.
É possível encontrar a maioria dessas iguarias em Manaus. A capital é abastecida pelo interior e é possível acompanhar as safras das preferências mais comerciais, como o tucumã, a pupunha, a tapioca, as farinhas, castanha e o açaí.
Porém, outros não têm a mesma adesão comercial, como os sucos dos frutos das palmeiras de bacaba, patauá e buriti, chamados no Amazonas de vinhos.
Ou têm produção comercial limitada, como mari, mari-mari, uxí, puruí, pajurá, piquiá, pois precisam ser coletados ou extraídos.
Sobretudo, tem um gosto especial comê-los com parentes e amigos, falando sobre as fofocas do festival.
Foto: BNC Amazonas