Um dia depois de vir à tona que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, mudou versão de que havia sido informado com antecedência da falta de oxigênio em Manaus, no início do ano, a AGU , formalizou a nova narrativa ao STF .
Em depoimento à PF, Pazuello desdisse que ficou sabendo do problema no dia 8 de janeiro.
Uma semana depois, os hospitais do Estado entraram em colapso por causa da falta de insumo.
Antes de ser investigado por omissão no drama vivido pelo Amazonas, Pazuello admitia que havia sido avisado pela White Martins.
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Na versão 2.0 da nova narrativa, após ser enquadrado, Pazuello disse que o “8 de janeiro” foi equívoco de um funcionário da pasta.
Esse detalhe foi acrescentado ontem ao processo pela AGU.
No entanto, no dia 18 de janeiro, o próprio ministro disse em entrevista que foi avisado da situação por meio de e-mail enviado a ele pela White Martins no dia 8 de janeiro.
Contudo, em depoimento ao Senado, no dia 11 de fevereiro, Pazuello, relata que conhecia e estava vivendo a situação da crise de oxigênio no Amazonas.
Leia o techo, registrado nos anais do Senado:
“No dia 7 à noite… Com licença. Eu vou tirar um pouquinho isso aqui porque a borracha já cedeu e fica caindo. No dia 7 à noite, o Secretário de Saúde me ligou para o meu telefone particular, celular, e pediu se eu poderia ajudá-lo no transporte de oxigênio de Belém para Manaus, cilindros de oxigênio. Imediatamente eu liguei para o Ministro da Defesa. Imediatamente eu liguei para o General Theophilo e iniciou-se ali o deslocamento de uma aeronave C-130 para fazer o transporte. No dia 7 à noite. Transportamos, então, no dia 8, 150 cilindros para Manaus, que começou na tratativa do dia 7 à noite. Até então, senhores, nenhuma ideia sobre colapso de oxigênio, nem para o Estado nem para o ministério. No dia 8 de janeiro, reuni todos os meus secretários. Falei: “Pessoal, tem…”. Óbvio que a contaminação no dia 8 de janeiro já estava numa subida. É óbvio que o número de óbitos no dia 8… É só olhar o gráfico que eu apresentei. Com aquela vertical de óbito e aquela vertical de contaminação, não poderia estar normal. O que eu fiz no dia 8 de janeiro? Ordem para todos os secretários embarcarem para Manaus imediatamente comigo. Entregamos lá monitores. No dia 9 de janeiro, o tal relatório que o senhor coloca, o senhor não tem o conhecimento exato dele, eu vou lhe mostrar depois, é um relatório da minha própria equipe, da Força Nacional do SUS e da Secretaria de Atenção Especializada. E eu vou ler, entre aspas, exatamente o que diz o relatório. Relatório diário da Força Nacional do SUS, com dados do dia 8 de janeiro, entregue no dia 9 de janeiro, sábado, por WhatsApp, para o meu COE, que estava funcionando. É citado na primeira parte, abro aspas: “Foi mudado o foco da reunião, pois foi relatado um colapso dos hospitais [colapso dos hospitais] e falta da rede de oxigênio. Existe um problema na rede de gás do Município, que prejudica a pressurização de oxigênio nos hospitais”.
Leia na íntegra todo o registro taquigráfico desta sessão.
Foto: Isac Nóbrega/PR