Assessores de políticos ajudaram ato antidemocrático com Bolsonaro
Manifestação em Brasília também contou com mobilização de grupos religiosos e pró-intervenção militar

Aguinaldo Rodrigues, da Redação
Publicado em: 06/05/2020 às 10:49 | Atualizado em: 06/05/2020 às 10:49
Assessores e ex-auxiliares de políticos bolsonaristas, além de grupos religiosos e favoráveis a intervenção militar puxaram a manifestação de domingo (3). Esse ato, de natureza antidemocrática, contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), teve ainda agressão a jornalistas.
O presidente da República, Jair Bolsonaro, participou dessa manifestação em Brasília.
Conforme o site Poder360, o governo negou pedido de informação sobre os assessores e invocou lei que nem em vigor está.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, o grupo “Os 300 do Brasil”, um dos que participaram do ato, é organizado por Evandro Paula. Ele seria dos assessores do gabinete da deputada federal Bias Kicis (PSL-DF).
Pelas redes sociais, o grupo oferecia treinamento em “revolução não-violenta e desobediência civil” e técnicas de “estratégia, inteligência e investigação”. Além disso, instrução sobre “táticas de guerra de informação”.
A principal líder dos “300”, Sara Winter, atuou no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. De nome verdadeiro Sara Fernanda Giromini, ela é acusada nas redes de seguir a ideologia nazista.
Outro movimento que participou de convocações foi o “Direita Conservadora”. Esse grupo é liderado pelo psicólogo e ativista político Wagner Cunha, de Uberlândia (MG).
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Uso da força contra STF
Em vídeo em que chama público para o evento, postado no Facebook, Cunha defende que Bolsonaro use as Forças Armadas para destituir ministros do STF.
“O Bolsonaro, como chefe das Forças Armadas, comandante supremo, pode afastar temporariamente os ministros do STF. Ele afasta e instaura o Superior Tribunal Militar para julgar esses ministros pelos crimes contra a nação brasileira. Inclusive, agora, o Alexandre de Moraes, o Lex Luthor, acabou de cometer um”.
Cunha afirmou, por escrito, que o grupo reage a “pautas de esquerda e a tudo o que foi desvendado nas operações da Polícia Federal”.
A PGR (Procuradoria-Geral da República), como resultado, investiga organizadores e financiadores de outros atos, de 19 de abril. Informou, portanto, que investigará o ato de domingo caso receba representações para apurar ilegalidades.
Como enquadrar assessores
A Constituição proíbe o financiamento e a propagação de ideias contrárias à ordem constitucional e ao Estado democrático de direito.
Prevê como crimes inafiançáveis e imprescritíveis ações desse tipo, promovidas por grupos armados, civis ou militares.
Por exemplo, o episódio de ataque em frente ao Planalto, no dia 1º. Nesse dia, um apoiador de Bolsonaro xingou e cuspiu em enfermeiras. Conforme a Folha, ele é Renan da Silva Sena, que pelo menos até o mês passado era funcionário terceirizado de ministério.
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Foto: Reprodução/vídeo Twitter