A inteligência do governo elaborou mais de mil relatórios sobre a situação da pandemia de covid-19 no Brasil, porém, os documentos foram mantidos sob sigilo por pelo menos um ano, de março de 2020 a julho de 2021.
Os relatórios carimbados oficialmente pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) demonstram que as informações foram ignoradas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, bem como as recomendações do Ministério da Saúde (MS).
Os documentos alertam sobre os graves distúrbios cardíacos relacionados ao uso de medicamentos como a cloroquina, desaconselham seu uso, recomendam o distanciamento social e a vacinação como medidas efetivas de controle da doença.
Além disso, apontam a possibilidade de colapso da rede de saúde e funerária no Brasil e criticam a falta de transparência do governo na divulgação dos dados da pandemia.
Os superiores à época do GSI e da Abin eram o general Augusto Heleno e o atual deputado federal Alexandre Ramagem, respectivamente.
Enquanto o Ministério da Saúde teve quatro gestores durante o período analisado: Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich, Eduardo Pazuello e Marcelo Queiroga.
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Embora algumas estimativas da Abin tenham se aproximado dos dados reais registrados no país, houve casos em que a pandemia superou as expectativas dos estudos, como em abril de 2021, quando o número de mortos ultrapassou a projeção mais pessimista.
A Folha de S.Paulo obteve acesso a mais de mil arquivos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), sendo que pelo menos 18 relatórios mencionam o risco de colapso regional e outros 12 afirmam que o país ainda não havia atingido o pico da doença.
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Foto: Beto Barata/PL