O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Fábio Wajngarten , ex-secretário de Comunicação da Presidência da República, participaram de uma articulação com empresários que buscavam criar uma rádio FM, de viés conservador, destinada a ser uma “arma para a guerra política”.
A definição foi dada pelo empresário Otávio Fakhoury, um dos alvos da Operação Lume, da PF (Polícia Federal), que investigava atos antidemocráticos.
Em mensagem de WhatsApp enviada a Wajngarten em maio do ano passado, Fakhoury disse ter receio de que “o governo enfraquece demais” sem iniciativas como aquela.
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O ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo caso no STF (Supremo Tribunal Federal), retirou o sigilo do inquérito na última semana, após a PGR (Procuradoria-geral da República) pedir o arquivamento das investigações.
Em junho de 2020, Fakhoury foi alvo de buscas e teve seus celulares e computadores apreendidos.
Financiamento
O conteúdo dos aparelhos, que agora veio à tona, aponta que ele se aconselhou com Wajngarten e com Eduardo Bolsonaro sobre como viabilizar e financiar esta rádio.
Os documentos mostram que as investigações da PF não avançaram além do que foi apurado até o dia 9 de julho de 2020, data em que as conversas foram resumidas em um relatório parcial assinado por quatro agentes.
Até aquele momento, os diálogos apontavam que Eduardo Bolsonaro havia oferecido ajuda a Fakhoury e consultado o pastor RR Soares, fundador da IIGD (Igreja Internacional da Graça de Deus), com quem obteve uma estimativa de preços para tirar a ideia do papel.
Já Wajngarten foi procurado por Fakhoury e ofereceu marcar uma reunião com o empresário para ajudar a viabilizar o projeto.
Na troca de mensagens entre os dois, o empresário pede indicação de uma emissora de rádio para “compra imediata” e diz que irá ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para levantar recursos.
Em seguida, o empresário afirmou já ter “um grupo que vai financiar” a criação da rádio. Fakhoury não citou nenhum patrocinador específico, mas enviou ao então chefe da Secom um link para uma reportagem citando o Instituto Brasil 200, que reúne empresários alinhados às pautas econômicas do governo.
Essas tratativas, porém, também não avançaram, segundo o material coletado pela PF.
Segundo o relatório, as investigações apuravam a possível violação de três artigos da Lei de Segurança Nacional e eventual associação criminosa, mas o documento não chega a nenhuma conclusão.
Na última quarta, Fakhoury pediu ao STF que o sigilo sobre os documentos, afastado por Alexandre de Moraes, fosse restabelecido. Moraes, no entanto, negou a petição.
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Foto: Cleia Viana/Agência Câmara