por Neuton Corrêa , da Redação
No pelotão da frente daqueles que se sentem derrotados com a decisão de ontem da Corte do Supremo Tribunal Federal (STF) de reconhecer o direito aos créditos de IPI da compra de insumos na Zona Franca de Manaus (ZFM), o jornal Folha de S.Paulo, uma das mais importantes publicações do país, dedicou os espaço mais nobre de sua edição desta sexta-feira, dia 26, para desinformar.
Nela, o impresso diz em sua manchete de capa: “STF amplia subsídio à Zona Franca em até R$ 16 bi ao ano”.
Em sua versão eletrônica, na intenção de jogar a opinião pública contra o principal modelo de desenvolvimento econômico e social da Amazônia, a Folha amanheceu o dia com a seguinte manchete: “Decisão sobre a Zona Franca de Manaus estimula fraudes “.
Além disso, a página para a qual o link se direcional traz outro título ainda mais negativo contra a ZFM: “Novo benefício na Zona Franca deixará país R$ 16 bi mais pobre”.
“Trata-se de benefício fiscal adicional aos que historicamente já existem”, escreve a Folha, dando voz a Marcos Mendes, doutor em economia, autor do livro “Por que o Brasil cresce pouco?”
O texto ataca um dos argumentos usados na defesa da manutenção da ZFM pelo viés ambientalista de preservação da Amazônia.
“Um dos argumentos usados para embasar a nova decisão é de que favorecer a Zona Franca significa preservar a Floresta Amazônica, em um inocente argumento de que se ali não houvesse indústrias, as pessoas iriam destruir a floresta para poder sobreviver. Esse argumento não faz sentido. Recente trabalho da Fundação Getúlio Vargas estima que se a mão de obra empregada na Zona Franca dobrasse (o que exigiria dobrar os incentivos de R$ 25 bilhões ao ano para R$ 50 bilhões ap ano), o desmatamento anual cairia irrisório 0,6%. Certamente há formas mais baratas de prevenir o desmatamento”.
Na reafirmação do que diz, ele compara:
“Apenas a título de comparação, o orçamento do Ministério do Meio Ambiente está em torno de R$ 4 bilhões, para cuidar não só da Amazônia, mas de todo o país”.
Maldade pura
As manchetes do jornal e do site da Folha, porém, desinformam e serve fundamentalmente às forças ocultas, e agora explícitas como a do ministro Paulo Guedes de acabar com a indústria da região.
Ao contrário do que diz a publicação, a decisão do STF não acrescentou nenhum benefício, apenas reconheceu direitos sobre créditos já existentes.
“Um equívoco histórico”, escreveu ontem em sua redes sociais o ex-superintendente da Zona Franca de Manaus (Suframa) Thomaz Nogueira.
“A manchete está fundamentalmente errada, pois a intenção seria alterar o mecanismo adotado desde a instituição. Manter não acrescenta. A manchete desinforma. A matéria só ouve um lado, e com isso repete equívocos históricos e visões distorcidas”, disse ele.
Campanha histórica contra a ZFM
Não é a primeira vez que a Folha de S.Paulo se posiciona editorialmente contra a Zona Franca de Manaus.
Coincidentemente, as tintas da Folha contra a região amazônica sempre são recarregadas em momentos decisivos e contrários ao modelo.
No ano passado, por exemplo, em meio a uma série de artigos contra a ZFM, e às vésperas de julgamento importante, tanto quanto o processo que se encerrou ontem, com vitória para o Amazonas, o jornal paulista produziu um especial com texto, áudio e vídeo contra a ZFM.
O material foi feito por uma equipe que passou dias em Manaus.
Capa de hoje da Folha de São Paulo.
Míriam Leitão critica STF por causa de vitória da ZFM
Foto: Reprodução