Na sexta-feira (22/3), o ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel Mauro Cid, foi detido após uma audiência com o desembargador Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, para ratificar os termos de sua delação premiada.
O mandado de prisão, de natureza preventiva, foi emitido por Moraes devido ao descumprimento de medidas cautelares e obstrução à Justiça.
Paralelamente, o tenente-coronel também foi alvo de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal. A validade da delação de Cid está agora sob análise do Supremo Tribunal Federal (STF).
Os áudios divulgados revelam declarações polêmicas do militar sobre o inquérito da Operação Tempus Veritatis, considerado uma “narrativa pronta”.
Nas gravações, Cid sugere que o inquérito foi montado e que o ministro Moraes já possui a sentença dos investigados. O advogado de Cid, Cezar Bittencourt, argumentou que as gravações foram um “mero desabafo” e não comprometem a colaboração premiada firmada perante as autoridades.
No entanto, as revelações de Cid nos áudios afetam diretamente a validade de sua delação e alimentam uma série de inquéritos que visam o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.
Essa detenção ocorre em meio a um momento de intensa pressão sobre o governo Bolsonaro, com investigações em curso envolvendo várias questões, desde a pandemia da covid-19 até possíveis tentativas de golpe de Estado.
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O depoimento de Cid no STF vem apenas dez dias após sua última oitiva na Polícia Federal, na qual confirmou detalhes de encontros com Bolsonaro e membros de seu governo para discutir planos de golpe, mas negou ter participado de conversas sobre o assunto entre Bolsonaro e as Forças Armadas.
Além disso, a detenção de Cid coincide com o indiciamento do ex-presidente por associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informação, no contexto de uma investigação sobre a fraude na carteira de vacinação de Bolsonaro e de sua filha Laura.
A PF também incriminou Cid, não apenas por delitos relacionados a documentos falsos, mas também por tentativas de obter comprovantes de imunização contra a covid-19 para sua família.
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Foto: Antonio Augusto/SCO/STF