O presidente nacional do partido Progressistas (antigo PP), senador Ciro Nogueira (PI), foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela Procuradoria-Geral da República (PGR), nesta segunda-feira, dia 10, pelos crimes de corrupção passiva (propina) e lavagem de dinheiro investigados pela operação Lava Jato.
Além dele, outras seis pessoas, incluindo o empresário Marcelo Odebrecht, também foram denunciadas.
Ciro Nogueira, assim como todos os políticos envolvidos na corrupção da Odebrecht, era identificado por codinome.
Na planilha Drousys, foram feitos 12 registros no valor de R$ 500 mil, cada, em nome de “Piqui”, e dois em nome de “Cerrado”, sendo um de R$ 500 mil e outro de R$ 800 mil.
Em relação ao senador piauiense, as provas reunidas revelaram o recebimento de propina de forma parcelada, entre 2014 e 2015, em Brasília e em São Paulo.
Foram mapeadas 14 entregas de valores, sendo duas diretamente ao parlamentar, e outras 12 por intermédio de Lourival Ferreira Nery Júnior, assessor do partido. Lourival também foi denunciado.
Dos R$ 7,3 milhões pagos pela construtora a Nogueira, R$ 6 milhões foram distribuídos por intermédio do assessor.
Os investigadores recolheram provas como comprovantes de viagens feitas por ele para receber e entregar a propina ao senador.
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Fruto da delação
Essa denúncia é resultado de uma das frentes de investigação instauradas em decorrência de declarações fornecidas pelo empresário e por diretores da construtora Odebrecht. Marcelo e outros fizeram acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), em 2016.
A PGR afirma que reuniu provas que apontam que o senador recebeu do grupo empresarial R$ 7,3 milhões em vantagens indevidas.
No detalhamento do esquema criminoso que a Odebrecht mantinha com o partido de Nogueira, a PGR afirma que os crimes começaram em 2010. E saltaram 512% quatro anos depois.
Naquele primeiro ano, as doações da construtora ao antigo PP começaram com R$ 720 mil. Na eleição seguinte, R$ 2,6 milhões. Em 2014 já eram R$ 4,4 milhões.
De acordo com a PGR, o período coincide com o momento em que Ciro Nogueira tornou-se uma das mais importantes lideranças do partido. Ele preside o Progressistas desde 2013. Coincide ainda com o período em que a Petrobrás firmou “relevantes contratos” em benefício da Odebrecht.
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Troca de favores
Pela denúncia, o partido de Nogueira podia indicar diretores da Petrobrás. Em troca, dava sustentação política ao governo federal e defendia interesses dos empresários corruptores.
A relação entre o Progressistas e a construtora Odebrecht já é investigada no Supremo Tribunal Federal (STF) por formação de organização criminosa.
Com a presente denúncia, a PGR quer garantir a responsabilização individualizada dos envolvidos nos crimes.
Fonte: MPF
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil