Poucas semanas antes de o presidente Donald Trump deixar o poder, o governo federal americano vem acelerando a execução de presos condenados à morte, em um esforço considerado inédito.
Até agora, já foram nove execuções federais, todas neste ano. A décima está marcada para hoje (11), quando Alfred Bourgeois, de 56 anos, deverá receber a injeção letal, no Estado de Indiana.
Do mesmo modo, na noite de quinta (10), o governo federal executou Brandon Bernard no mesmo local.
Portanto, outras três execuções estão previstas até 20 de janeiro, data da posse do presidente eleito Joe Biden, que, contudo, prometeu acabar com a pena de morte federal.
Nos Estados Unidos, execuções federais são reservadas a determinados tipos de crime, que são julgados em tribunais federais.
Elas costumam ser mais raras do que as execuções estaduais, que são aplicadas em crimes julgados por tribunais locais nos 28 Estados.
As execuções federais deste ano, iniciadas em julho, são as primeiras desde 2003 e representam o maior número em um único ano em mais de um século, desde 1896.
Antes de Trump, somente três condenados haviam sido executados na chamada “era moderna” da pena de morte federal, iniciada em 1988, quando a prática foi restabelecida depois de ter sido proibida em 1972.
De acordo com Ngozi Ndule, pesquisadora de projetos especiais do Death Penalty Information Center (Centro de Informações sobre a Pena de Morte), “não há precedentes na história moderna”.
Pandemia e transição
Conforme explica Ndulue, além do número alto, também é incomum o fato de as execuções estarem ocorrendo durante uma pandemia (coronavírus) e durante a transição de poder.
Dessa forma, tradicionalmente, execuções costumam ser suspensas no período de transição presidencial.
Os EUA têm atualmente 54 pessoas no corredor da morte federal, uma parcela pequena do total de cerca de 2,7 mil sentenciados à morte abrigados em penitenciárias federais e estaduais.
No entanto, o coronavírus levou muitos governos estaduais a interromperem suas execuções para evitar o risco de contágio entre prisioneiros, advogados, testemunhas e funcionários.
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