À primeira vista, tudo parece estar adequado: cadeiras vazias, máscaras, protocolos em vigor.
Basta um olhar mais atento, porém, para perceber que ali ninguém obedece de verdade ao 1,5 metro de distanciamento, o espaço está muito mais lotado do que devia e máscara é só faz de conta – muita gente tem o nariz descoberto ou escorregou a proteção para baixo do queixo.
A maior evidência do pouco caso geral para com as regras do combate ao novo coronavírus vem do púlpito: na sede da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (Advec), na Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro, os pastores orientam os fiéis a parar de acompanhar os noticiários que “contabilizam mortos” e não deixar de ir à igreja por medo da Covid-19.
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“O diabo não vai paralisar nossa adoração. Deus preserva a vida de quem crê. Ele está acima desse vírus”, proclamava um missionário, com o rosto descoberto, às cerca de 1 000 pessoas no culto de quinta-feira 1 º de abril.”
Igrejas lotadas na pandemia
Sob o escudo da fé, líderes evangélicos de todo o país têm incentivado o rebanho a descumprir medidas sanitárias e furar quarentenas decretadas por prefeitos e governadores.
O já acalorado debate pegou fogo às vésperas do domingo de Páscoa, quando o ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, liberou a realização de celebrações religiosas em todo o Brasil.
Gilmar Mendes tomou decisão inversa em relação a São Paulo e o presidente do STF, Luiz Fux, pôs o assunto na pauta do plenário seis dias depois — quando as mortes por covid-19 no Brasil, pela primeira vez, passaram de 4 mil em 24 horas. Felizmente, o colegiado derrubou a posição de Nunes Marques.
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Foto: pinterest.com/Imagem Ilustrativa