Sozinha, sentada em uma das cadeiras do Congresso, como se estivesse a relembrar do passado recente. Foi assim que O Globo mostrou em abril a ex-senadora Vanessa Grazziotin, do PCdoB do Amazonas, para ilustrar matéria sobre os “fantasmas” que não conseguem se desapegar do Legislativo.
Nos bastidores do Congresso, esse grupo de ex-parlamentares que perambula por corredores, gabinetes e plenários é conhecido entre os políticos como “fantasmas do passado”.
O apego aos ares do parlamento valeu a Vanessa uma vaga de secretária no gabinete de sua correligionária Perpétua Almeida, deputada pelo Acre. O salário não é ruim: R$ 11,7 mil, líquidos.
Hoje, quem também voltou à casa foi o ex-senador Hélio José (Pros-DF). O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), o empregou como seu assessor direto.
Na eleição de 2018, tentou se eleger deputado federal. Sem sucesso, ficou vagando pelo parlamento. E a estratégia deu certo. Vai ganhar salário que pode chegar a R$ 13 mil, com gratificações.
Hélio José em plena atividade em julho de 2018
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A história da melancia
Em 2016, sentindo-se o poder personificado, com mais de 90 funcionários em seu gabinete, Hélio José foi flagrado em gravação fazendo essa declaração:
“Isso aqui é nosso. Isso aqui eu ponho quem eu quiser, a melancia que eu quiser aqui, eu vou colocar”.
O então senador defendia a nomeação de ex-assessor para cargo público.
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“Fantasmas” apegados
Vanessa, eleita em 2010, ficou só em quinto lugar (11% dos votos) na disputa de 2018 com oito candidatos, e Hélio não são os únicos “fantasmas” do Congresso.
Há nomes como da ex-governadora Maria de Lourdes Abadia (PSB) e do ex-vice-governador do Distrito Federal Tadeu Filipelli (MDB), mais votado a deputado federal em 2006 e que 12 anos depois não se reelegeu.
Mas, há também os que demonstram mais apego ao parlamento porque atuam sem pagamento de salário.
São os casos do ex-senador Mauro Benevides (MDB-CE), que vaga pelos corredores da Câmara com seu antigo broche de deputado.
“Enquanto isso não acontece, comparece a todas as sessões do plenário, senta-se na cadeira que foi sua, dá palpite aos colegas, articula — ou seja, age como se ainda fosse senador. Só não vota”, escreveu O Globo.
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“Só conversando”
Também é citado nessa situação o ex-deputado Pauderney Avelino (DEM-AM), aliado de primeira hora do ex-presidente Michel Temer (MDB).
Pauderney tem sido visto nos gabinetes de Brasília tratando da reforma da previdência. Ele disse não ter cargo e nem pretende ser nomeado em Brasília.
“Não estou fazendo nada, só conversando com um ou com outro. Meu desejo é que o governo acerte, que o Congresso vote e que nós tenhamos reforma da previdência”, afirmou ao jornal.
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Foto: Reprodução/O Globo