Servidor da Funai denunciou violência e ameaça de pescadores em maio

Áudio cita reunião que ocorreria em 3 de junho na Comunidade São Rafael, local onde Bruno e o jornalista Dom Phillips estiveram no dia em que desapareceram

Servidor denunciou ataque a tiros contra agentes da Funai no Vale do Javari

Mariane Veiga

Publicado em: 15/06/2022 às 12:44 | Atualizado em: 15/06/2022 às 13:45

Em um áudio obtido pela TV Globo e a Rede Amazônica, o indigenista Bruno Pereira, desaparecido desde 5 de junho, no Amazonas, denunciou pescadores do Vale do Javari que estavam atirando contra equipes de fiscalização na região.

O áudio é de maio e, nele, Bruno cita uma reunião que ocorreria em 3 de junho na Comunidade São Rafael, local onde Bruno e o jornalista britânico Dom Phillips estiveram no dia em que desapareceram. O encontro tinha o objetivo de barrar o avanço da pesca ilegal de pirarucu na terra indígena.

“A gente está preparando uma reunião, uma articulação para a Câmara de Vereadores e a Prefeitura [de Atalaia do Norte] na Comunidade São Rafael. […] Os maiores e grandes invasores da terra indígena aí. Eles vão perder o manejo do pirarucu que demorou 10 anos para eles tirarem”, disse Bruno, no áudio.

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O áudio foi divulgado em reportagem na terça-feira (14).

De acordo com o indigenista, os pescadores que atuam ilegalmente atiraram contra equipes de fiscalização.

“São esses caras que estão atirando na equipe, esses caras que atiraram na base. Não só do São Rafael, [do] São Gabriel, os carinhas de Benjamin [Constant] e outros de Atalaia [do Norte]”.

A reunião prevista para ocorrer no dia 3 de junho não chegou a ser realizada. À TV Globo, a Prefeitura de Atalaia do Norte disse que o prefeito Denis Paiva tinha um compromisso urgente em Manaus. Dois dias depois, Bruno e Dom desapareceram.

No dia 5 de junho, antes de voltar para Atalaia do Norte, Bruno ainda tentou reunir com um líder comunitário conhecido como ‘Churrasco’, para falar sobre a Vigilância Indígena na região. O encontro estava pré-agendado, mas chegando na comunidade, o líder não estava e o indigenista conversou apenas com a mulher de “Churrasco”.

Em seguida, Bruno e Dom seguiram viagem para Atalaia do Norte, e foram vistos pela última vez próximo à comunidade São Gabriel.

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Foto: Divulgação/Funai