Por Israel Conte , da Redação
Os rumores que correm nos bastidores de que aliados do governador Amazonino Mendes (PDT), que perdeu a reeleição, o incentivam a levar adiante as acusações de compra de votos contra o governador eleito Wilson Lima (PSC), foram repudiados pelo prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB).
“Amazonino, eu estou dizendo: você comprou votos. Você precisava descontar aquela diferença brutal que o rapaz [Wilson] estava impondo. Agora quer tomar o mandato do dele? Não vai”, disse Arthur em entrevista exclusiva ao BNC Amazonas nesta terça-feira, dia 6.
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Pedido de cassação
Oito dias antes do segundo turno, os advogados do então candidato à reeleição ingressaram no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AM) com uma notícia-crime e um pedido de cassação do registro de candidatura ou do diploma do então candidato Wilson Lima (PSC) e seu vice, Carlos Almeida (PRTB), por compra de votos nos municípios de Codajás e Nhamundá.
“O governador Wilson Lima não fraudou eleição nenhuma. Aquilo foi montagem descarada, chicana jurídica. Pegaram um preso indefeso, prometeram alguma regalia pra ele, que recebeu R$ 15 mil e ia ficar com R$ 3 mil e comprar com R$ 12 mil votos lá em Codajás para o Wilson Lima que nunca pisou lá”, disse o prefeito.
Arthur disse que, à época, preveniu o aliado de Wilson, o então candidato ao Senado Luiz Castro (Rede).
“ Aquilo não era à toa, não. Aquilo era para armar futuras situações”, disse o tucano, que lembrou ainda da campanha de 1986.
“Ele me roubou o mandato em 1986 . Essa prática de comprar votos e de fraudar eleições é muito mais dele do que do menino que está começando”, afirmou.
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Bom senso
Arthur diz que o objetivo de Amazonino é “ficar fazendo onda, pro rapaz [Wilson] ficar inquieto porque realmente ele é marinheiro de primeira viagem”, porém acredita no bom senso tanto do TRE-AM quanto do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre tentativas de processos, e lembrou do caso Melo .
“O Amazonino quer tomar o mandato do rapaz? Para começar, não sei se ele se lembra do Melo. Ele não vai tomar mandato nenhum. Na pior das hipóteses, vai ter uma nova eleição”, disse.
José Melo foi o primeiro governador cassado da história do Amazonas em processo de compra de votos movido pelo candidato derrotado nas eleições de 2014, Eduardo Braga (MDB).
Em 4 de maio de 2017, por 5 a 2, o mandato de Melo e do seu vice Henrique Oliveira (Pros) foi cassado em julgamento de recurso no pleno do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e foram convocadas eleições diretas.
Foto: Israel Conte/BNC