A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, no último domingo (30) trouxe novo alento aos povos indígenas e defensores do meio ambiente.
Essa esperança veio principalmente com o discurso do novo presidente da República que garantiu atuar firmemente contra o desmatamento ilegal.
Assim como contra a invasão de terras indígenas e a ameaça a defensores ambientais, ao contrário do que disse e vem praticando o governo Bolsonaro.
As entidades indígenas e ambientais vieram a público se manifestar após o resultado das urnas. Elas pedem que Lula reconstrua o país.
Nas redes sociais, a Articulação dos Povos Indígenas no Brasil (Apib) disse que a democracia venceu e que a luta pelos territórios vai continuar.
Na manifestação, a direção da Apib reforçou a carta aberta entregue à Lula durante o Acampamento Terra Livre, dia 12 de abril.
“Precisamos interromper esses processos de destruição. Nossa luta é por nossos Povos, sim, mas também pelo futuro de todos e todas as brasileiras e pela humanidade inteira! É hora de construirmos um projeto civilizatório de país e de mundo.”
Indígenas da Amazônia
Da mesma forma, o presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), Marivelton Baré, espera que Lula possa reconstruir a política de Estado para os povos indígenas.
Segundo Baré, essa política foi brutalmente destruída e desconstruída nesse governo do Bolsonaro.
“Ocorreram perseguição, invasão, desmatamento, criminalização de lideranças entre outras barbaridades.
Por isso, a gente espera que o Brasil tome novo rumo. Onde a gente tenha os espaços democráticos de direito voltando”.
Manifestação da Apib nas redes sociais. Foto/reprodução
Gestão participativa
Da mesma forma, o presidente da Foirn espera a reconstrução participativa com o Ministério Indígena e a Funai sendo assumida por e para os povos indígenas.
Marivelton Baré destaca ainda que as pastas que vão trabalhar com os povos indígenas sejam assumidas pelos indígenas para haver uma verdadeira gestão participativa.
Essa gestão deve ocorrer por meio controle social, na implementação das ações, na política de gestão ambiental e territorial das terras indígenas.
Meio ambiente
Na manifestação sobre a volta de Lula ao comando da nação brasileira, o WWF-Brasil destaca ação contundente e prioritária no combate à fome no Brasil, assim como o desmatamento do país.
A entidade ambiental lembra que o desmatamento na Amazônia cresceu 73% entre 2019 e 2021. E, nesse período, região perdeu uma área de floresta maior que a do Estado de Alagoas.
“Se continuar nesse ritmo, até o fim do novo mandato presidencial, alcançaremos o perigoso ponto de não retorno, o que poderá comprometer não só a própria existência da maior floresta tropical do planeta, mas também a produção de alimentos no restante do país, a qual depende das chuvas produzidas pela floresta”, diz o WWF-Brasil.
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Reestruturação dos órgãos
De acordo com a organização não governamental, para conseguir inverter a tendência atual, o presidente eleito terá que não só arrumar a casa, reestruturando os órgãos ambientais.
Mas, também criar uma secretaria especial para tratar da agenda climática e ainda negociar com o Congresso Nacional.
“Há vários projetos de lei aguardando aprovação que são verdadeiras bombas, por beneficiarem criminosos ambientais e eliminarem regras de proteção.
Se aprovados, produzirão mais destruição no curto e no longo prazo”, afirma o WWF-Brasil.
Por isso, na avaliação da ong, Lula terá que compor uma base parlamentar que possa impedir o avanço dessas propostas.
“O brasileiro quer um país que volte a ser respeitado internacionalmente e retome seu protagonismo global na luta contra a crise climática”, finaliza a nota do WWF-Brasil.
Leia a íntegra do discurso do presidente eleito, Lula da Silva, quando fala sobre a Amazônia e a defesa dos povos indígenas
“O Brasil está pronto para retomar o seu protagonismo na luta contra a crise climática, protegendo todos os nossos biomas, sobretudo a Floresta Amazônica.
Em nosso governo, fomos capazes de reduzir em 80% o desmatamento na Amazônia, diminuindo de forma considerável a emissão de gases que provocam o aquecimento global.
Agora, vamos lutar pelo desmatamento zero da Amazônia
O Brasil e o planeta precisam de uma Amazônia viva. Uma árvore em pé vale mais do que toneladas de madeira extraídas ilegalmente por aqueles que pensam apenas no lucro fácil, às custas da deterioração da vida na Terra.
Um rio de águas límpidas vale muito mais do que todo o ouro extraído às custas do mercúrio que mata a fauna e coloca em risco a vida humana.
Quando uma criança indígena morre assassinada pela ganância dos predadores do meio ambiente, uma parte da humanidade morre junto com ela.
Por isso, vamos retomar o monitoramento e a vigilância da Amazônia, e combater toda e qualquer atividade ilegal – seja garimpo, mineração, extração de madeira ou ocupação agropecuária indevida.
Ao mesmo tempo, vamos promover o desenvolvimento sustentável das comunidades que vivem na região amazônica. Vamos provar mais uma vez que é possível gerar riqueza sem destruir o meio ambiente.
Estamos abertos à cooperação internacional para preservar a Amazônia, seja em forma de investimento ou pesquisa científica. Mas sempre sob a liderança do Brasil, sem jamais renunciarmos à nossa soberania.
Temos compromisso com os povos indígenas, com os demais povos da floresta e com a biodiversidade. Queremos a pacificação ambiental.
Não nos interessa uma guerra pelo meio ambiente, mas estamos prontos para defendê-lo de qualquer ameaça “.
Foto: Divulgação