Áreas de proteção indígena e territórios quilombolas na Amazônia estão sendo utilizadas como esconderijos de duas facções criminosas.
De acordo com a Polícia Civil e o Ministério Público, membros do PCC (Primeiro Comando da Capital) e do CV (Comando Vermelho) além de usarem as áreas para se esconderem, também buscam dominar as rotas do tráfico internacional.
Investigações da Polícia Civil, de promotores e dados compilados por pesquisadores apontam que, na região amazônica, têm crescido nos últimos oito anos o número de cidades ocupadas por narcotraficantes.
Um levantamento da Universidade Estadual do Pará indica que há 42 cidades dominadas por grupos criminosos.
Em geral, foram detectadas as presenças de integrantes do CV dentro dos territórios quilombolas no nordeste do estado. Já os membros do PCC costumam dominar áreas de proteção indígenas no sul e sudeste do Pará, segundo dados do Ministério Público.
Só no estado do Pará, por exemplo, 39 áreas quilombolas têm domínio do CV. Em uma delas, houve uma assembleia de moradores para decidir se aceitavam ou não membro da facção no local. Por pouca diferença de votos, a comunidade foi contrária. Os que votaram a favor tinham medo de sofrer represálias, segundo relatos.
Os membros do PCC têm se escondido em áreas afastadas. No território indígena de Jacareacanga, criminosos foram alvos recentemente ao serem identificados enquanto estavam foragidos.
Há duas semanas, na cidade de Inhangapi, foram capturados dois integrantes do grupo que estavam morando por ali.
O Ministério Público do Pará estima que existam ao menos 11 mil integrantes do CV no estado. A facção criminosa do Rio de Janeiro, que se estabeleceu na região em 2015, registra, em média, mil novos faccionados por ano.
A Amazônia é uma das portas de entrada de drogas no Brasil. Só no Pará, há mais de 2 mil pistas de pouso usadas pelo tráfico e pelo garimpo. De janeiro a junho deste ano, a Polícia Civil apreendeu 2,6 toneladas de cocaína em rotas fluviais, quase o dobro do que foi apreendido em todo o ano de 2022.
Integrantes dessas organizações se escondem da polícia em áreas de garimpo, onde há uma menor presença da polícia.
Leia mais na matéria de Herculano Barreto Filho e Luís Adorno no UOL
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Foto: ICMBio