Um dos principais defensores no Senado da CPI da Lava Toga, proposta para investigar interferência de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal ) em outros poderes, o senador Plínio Valério (PSDB) avaliou que não existe mais clima político para instalar a comissão.
“Vejo o movimento perdendo força, sim. Até arrisco dizer que não conseguiríamos as 27 assinaturas”, disse o senador (foto ) à coluna Painel da Folha de S.Paulo.
Segundo ele, a razão seria o clima de Vasco x Flamengo entre Judiciário e Executivo.
No ano passado, o senador amazonense chegou até a convocar para uma manifestação da Praça dos Três Poderes em prol da CPI.
Sem citar nomes, o senador criticou a decisão de um magistrado que “determinou que o aborto pode ser feito até os três meses” de gestação.
“E os ministros estão assim, decidem uma questão do aborto no simples gesto monocrático, no simples gesto de tirar da sua cabeça o que deve ser feito. E não é assim. É preciso frear, é preciso mostrar. A CPI da Lava Toga vem para isso. Não há que se temer CPI. Os bons não têm o que temer”, disse ele na ocasião.
Outros senadores ouvidos pelo jornal avaliam que a oposição a grupos de extrema direita melhora imagem do STF no Congresso, também alvo de ataques.
Senadores dizem que hoje não assinariam pedido de CPI. “Hoje é o mecanismo de preservação da democracia que nós temos funcionando. Mudou o contexto”, explicou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
O senador Álvaro Dias (Podemos-PR) argumenta no mesmo sentido. “Hoje, atacar o Supremo é dar força a grupos criminosos que tentam alvejar as instituições democráticas”, afirma.
Para o senador Alessandro Vieira (Cidadania-ES), que entregou requerimentos para abrir a CPI em 2019, não é bem assim. “Não queremos atingir o STF. A ideia é investigar possíveis infrações dos magistrados. É CPI técnica”.
Major Olímpio (PSL-SP) concorda, mas diz que a CPI não tem futuro. “Pularam fora. Está morta. Os ataques ao STF são graves e desmobilizam os senadores. Além disso, tem a turma Tim Maia, só esperando os motivos para ir embora”, afirmou.
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Foto: Agência Senado