Aziz descarta apoio a CPI para apurar acusações de Moro contra Bolsonaro
Líder do PSD do senador Omar Aziz disse, porém, que posição do partido sobre CPI pode mudar se comprovada veracidade das declarações de Moro

Iram Alfaia, de Brasília
Publicado em: 28/04/2020 às 08:25 | Atualizado em: 28/04/2020 às 08:25
Se depender do PSD no Senado não haverá criação de CPI para apurar as acusações do ex-ministro Sérgio Moro contra Jair Bolsonaro. Na sua despedida, Moro acusou interferência política do presidente da República no comando da Polícia Federal.
“O PSD no Senado não vai assinar nenhuma CPI”, afirmou o senador Omar Aziz (AM) ao BNC Amazonas.
Dessa maneira, Aziz demonstrou estar afinado com o líder do partido na casa, Otto Alencar (BA). Mais cedo, este mandou um recado à bancada do PSD no sentido de evitar qualquer requerimento para criação de CPI.
Alencar avalia ser cedo para apoiar esse tipo de iniciativa em meio à pandemia de coronavírus (covid-19). Porém, condicionou uma mudança de posição caso seja confirmada a veracidade das acusações do ex-ministro.
Já o presidente da CPI mista das Fake News, senador Ângelo Coronel (PSD-BA), tomou a iniciativa de pedir convocação de Moro.
“Moro fez praticamente uma delação premiada. Ele poderia ter agido lá atrás e denunciado o presidente de querer dominar a Polícia Federal para controlar algumas investigações. Vamos convocar o Moro para falar na CPI para aprofundarmos mais nesses inquéritos que Bolsonaro quer controlar”, escreveu o senador no Twitter.
Leia mais
‘Moro não fez pronunciamento, fez delação premiada’, diz Serafim
PSDB não fechou questão
O senador Plínio Valério (PSDB-AM) informou ao BNC Amazonas que haverá reunião virtual da bancada do partido para discutir o assunto.
“Mas, mantenho minha posição de que qualquer acerto de conta com os gestores que erraram deve ser adiado para depois que vencermos a guerra contra o covid-19”.
De acordo com o tucano, o coronavírus é o inimigo comum, mortal, que deve unir todos os brasileiros neste momento.
“Impeachment ou CPI neste momento seria apagar fogo com gasolina”.
Segundo o portal do UOL, o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), nos bastidores adota uma postura cautelosa sobre o assunto.
No Senado, Fabiano Contarato (Rede-ES) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) informaram que vão pedir abertura de CPI para investigar o caso.
Eliziane Gama (MA) disse que a bancada do Cidadania, portanto, vai pedir CPI mista para que o Congresso investigue as denúncias de Moro.
Leia mais
Após saída de Moro, ABI pede impeachment de Bolsonaro
Na Câmara dos Deputados
“Sou a favor. O PT está apoiando. Também irá convocar o Moro para a CPI das Fake News e provavelmente haverá ação contra Moro por prevaricação”, disse o petista José Ricardo ao BNC Amazonas.
Conforme a Agência Câmara de Notícias, os deputados do PT Rogério Correia (MG), Paulo Pimenta (RS), Natália Bonavides (RN) e Célio Moura (TO) pediram a instalação de uma CPI.
No pedido, os petistas querem investigar suposto acordo firmado entre Moro e Bolsonaro. Esse acordo teria existido para que o então juiz aceitasse assumir o cargo de ministro.
Os deputados argumentam que Moro teria exigido uma pensão para a família, caso ele viesse a falecer. Além disso, pretenderia ser indicado futuramente para uma cadeira no STF (Supremo Tribunal Federal).
Leia mais
Bolsonaro queria acesso a relatórios confidenciais da PF, acusa Moro
Aliado de primeira hora
Aliado de primeira hora de Bolsonaro, o deputado Alberto Neto (Republicanos) é contra qualquer investigação. Ao seu partido se filiaram filhos de Bolsonaro, o senador Flávio (RJ) e o vereador Carlos (RJ).
“É momento de salvar o povo. Vivemos o momento mais difícil da nossa geração e ver políticos utilizando disso para palanque político chega a dar asco”.
De acordo com ele, não há “motivo nenhum para CPI” porque a lei autoriza o presidente escolher chefe da Polícia Federal.
Em suma, Alberto Neto disse não ver “materialidade em nenhuma denúncia ainda para se instaurar uma CPI”. Como resultado, disse lamentar briga política quanto é preciso tranquilidade para salvar vidas e reconstruir a economia.
Foto: BNC Amazonas