Por Iram Alfaia, de Brasília
Após reunião dos governadores da Amazônia Legal com os embaixadores da Alemanha, Noruega e Reino Unido, no último dia 13, em Brasília, o governador do Pará, Hélder Barbalho (MDB), dava como certo que nos dias seguintes seriam retomados os repasses de recursos para o Fundo Amazônia.
Segundo o governador, os países doadores estavam finalizando os entendimentos com o Ministério do Meio Ambiente sobre o congelamento dos repasses.
Presente na mesma reunião, o governador do Amazonas, WilsonLima (PSC), disse que, caso o governo federal não chegue a um entendimento coma Noruega e Alemanha sobre o Fundo Amazônia, o Estado não iria abrir mão dos recursos doados pelos dois países.
Passados 12 dias da reunião na embaixada da Noruega, o presidente Jair Bolsonaro discursou na ONU e logo depois gravou entrevista para a Rede Viva, da Igreja Católica, dando sinais de que as desavenças continuam ao menos por parte dele.
Questionado pela jornalista Denise Rothemburg (foto) se pretendia restabelecer o diálogo com aqueles países, Bolsonaro reafirmou que os países estavam comprando a Amazônia à prestação.
“E é uma realidade. Eu até desafio quem tem doado dinheiro para nós há muito tempo que mostre só uma árvore replantada por ongs, que pegam metade desses recursos. O dinheiro vai pra lá (Amazônia) e vai pra Ong que faz trabalho que não interessa ao Brasil”, respondeu.
Bolsonaro disse ainda que as “Ongs não vão mais ajudar a demarcar imensa áreas indígenas no Brasil”.
Citou como exemplo os ianomâmis que nos seus cálculos ocupam uma área quase duas vezes o tamanho do Rio de Janeiro para uma população de 15 mil índios.
Disse que índios querem plantar e garimpar. “Índio quer sair da miséria, não quer viver de bolsa família e cesta básica”, afirmou.
Ele ainda chamou o cacique Raoni Metuktire, da tribo caiapó, de bon vivant. “Ele fala francês, nem fala a língua dele pelo mundo”, criticou.
O presidente voltou a afirmar que há um exagero nas notícias sobre queimadas na Amazônia.
“A média dos focos de incêndio na Amazônia está abaixo dos últimos 15 anos, isso o povo não conhece. Primeiro a floresta amazônica não pega fogo, ela é úmida. Tem grau de umidade muito grande”, disse.
Depois, ele culpou os ribeirinho e índios por “culturalmente” tocarem fogo na mata para a sobrevivência. Mas o maior culpado, na sua opinião, foi o presidente francês Emmanuel Macron.
Segundo Bolsonaro, ele potencializou as críticas ao Brasil apoiado pela mídia internacional. Tudo isso, por causa da sua rejeição “nunca vista na França” e resolveu “tomar para si a agenda ambiental”.
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