Aguinaldo Rodrigues , da Redação
O diário oficial da União publica nesta segunda, dia 29, a nomeação de mais dois coronéis que já estavam de pijamas na reserva do Exército para comandar os destinos da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), justamente no momento em que o modelo é alvo preferencial de quem lhe deve proteção, o Ministério da Economia do governo federal.
Depois que Alfredo Menezes Júnior, coronel da reserva do Exército e militante do PSL do compadre presidente da República, Jair Bolsonaro, foi escalado para a missão precursora das intenções do ministro Paulo Guedes de mexer nos incentivos fiscais da ZFM, a “junta militar governativa” da Suframa é agora completada com os nomes de mais dois reservistas para cargos de comissão nas quatro superintendências-adjuntas.
São eles os coronéis Alcimar Marques de Araújo Martins (adjunto de Planejamento e Desenvolvimento Regional) e Sandro Rogério Ferreira Gomes (adjunto Executivo). Havia a expectativa de que para a superintendência-adjunta de Operações fosse nomeado neste mesmo ato o coronel Luciano Martins Tavares.
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Mais operacionalidade, menos visitas
Com o reforço de tropa, a expectativa de toda a região Norte é que o dirigente da Suframa passe à parte mais importante da missão, que é a defesa aos ataques contra o modelo e a liberação de projetos de diversificação do investimento das empresas.
Ao fim de quatro meses do governo Bolsonaro, por enquanto a agenda do superintendente tem vivido de visitas de cortesia a órgãos e autoridades. Sua ausência foi sentida pelos parlamentares nos momentos mais tensos da relação com Paulo Guedes, quando este demonstrou intenções nada nobres contra a Suframa e o modelo zona franca.
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O fator Igrejas
Da antiga direção, só mesmo Gustavo Igrejas Filgueiras foi mantido. Ele também foi nomeado pelo Ministério da Economia para continuar à frente da Superintendência-Adjunta de Projetos.
Ele, dos três adjuntos nomeados até agora, deve ser o nome em que Menezes Júnior se apoiará mais para se inteirar da gestão de uma máquina que precisa se locomover.
O superintendente de Projetos é o que, ao final, toca a Suframa. Por Igrejas passarão os principais problemas enfrentados hoje pelo modelo, como a indefinição quanto aos PPB (processos produtivos básicos) e a inexistência de um plano para tirar o Distrito Agropecuário da ZFM da dormência,
Igrejas terá ainda importante papel no destravamento de projetos inovadores para outros setores do polo industrial além do eletroeletrônico, duas rodas e insumos concentrados para refrigerantes, hoje sustentáculos principais do modelo.
Assim, o responsável pela área de projetos é investido em uma função da qual o seu coronel superior vai depender muito para cumprir a missão para a qual desceu de paraquedas com o chefe Bolsonaro (os dois são oriundos da escola de paraquedismo do Exército).
Será Igrejas o único quadro especializado da Suframa que continuará em posto-chave. O outro servidor concursado do órgão, Marcelo Souza Pereira, foi exonerado do cargo de superintendente-adjunto de Planejamento e Desenvolvimento Regional para dar lugar ao coronel Alcimar Martins.
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Empresariado vai na fé
Membro da cúpula da Federação das Indústrias do Amazonas (Fieam) , o empresário Nelson Azevedo, que aposta que Menezes Júnior resgatará a autonomia da Suframa para aprovação de projetos, disse que a nomeação dos adjuntos já foi um avanço.
A expectativa agora, segundo Azevedo disse a uma rádio de Manaus nesta segunda, é pela definição do Conselho de Administração da Suframa (CAS), que nestes primeiros quatro meses da gestão Bolsonaro ainda não tem seus membros e nem se reuniu nenhuma vez para a liberação de projetos de investimento no polo industrial do Amazonas.
Foto: Gustavo Igrejas e Menezes Júnior / Divulgação/Suframa