Aguinaldo Rodrigues , da Redação
A eleição em 2018 para a Câmara dos Deputados representou para Marcelo Ramos (PR) muito mais do que uma vitória eleitoral. Representou um renascimento para a política, um “ajoelhar no milho” imposto pela população do Amazonas como chance para correção de rumo, para que ele reescreva sua história.
Esse foi apenas um dos pontos na interessante entrevista que o deputado federal concedeu na noite desta segunda, dia 8, ao programa “Conversa Franca”, do BNC Amazonas , apresentado por Antônio Barbosa.
Chamado a avaliar os 100 dias do governo de Wilson Lima (PSC) no Amazonas, Ramos primeiramente revelou como foi a negociação no episódio da retirada do então apresentador de TV e sua popularidade de vice na chapa que disputou a prefeitura em 2016.
“Acho que o Wilson precisa se espertar para não perder a popularidade […] Acho que o governo estadual ainda não disse a que veio. O Amazonas tem demandas muito urgentes, demandas administrativas, que dependem de decisões e autoridade, e que não estão sendo tomadas”.
Uma dessas situações é a dos professores, na iminência de entrar em greve pela discórdia no percentual de reajuste anual de salário. Ramos disse não concordar com apenas os 4% oferecidos pelo governo.
O deputado afirmou que está à disposição para colaborar com Wilson e seu governo, que identifica até com crise de autoridade.
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De joelhos no milho
Dos novatos do Amazonas no Congresso, Marcelo Ramos é o que vem ganhando mais notabilidade na mídia. Ele credita ao seu amadurecimento político essa nova fase na vida.
“O povo me ajoelhou [no milho], me castigou, e agora está me dando uma nova chance. E eu recebo isso com a maior humildade, a maior honraria, e por isso tenho me dedicado tanto ao mandato”.
Ramos se referia a um episódio marcante da política local . Em 2014, durante um debate na TV dos concorrentes ao Governo do Amazonas, ele disse a um dos oponentes, o senador Eduardo Braga (MDB), ex-governador do estado por dois mandatos seguidos (2003-2010), que agora ia ter de “ajoelhar no milho” para se submeter ao senador Omar Aziz (PSD) e ao governador de então José Melo (Pros), seus ex-aliados. Melo venceu aquela eleição e foi cassado em maio de 2017.
Eis que, em 2017, justamente para completar o mandato de Melo, Ramos entra na disputa ao governo tampão aliado a Braga. O eleitor não perdoou e se referia a ele como tendo “se ajoelhado no milho” para o ex-adversário.
O deputado não só encarou a questão com naturalidade e bom humor como justificou a posição tomada naquele momento.
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A articulação de 2017
“É bom a gente entender o que aconteceu lá em 2017. Eu era o primeiro colocado em todas as pesquisas, mas o meu partido resolveu não me dar a legenda. O PR decidiu que eu não podia ser candidato e que iria apoiar o Eduardo Braga. Eu avaliei que não deveria ficar fora daquele processo. Hoje eu posso olhar pra trás, engenheiro de obra pronta, e dizer ‘eu tava errado, eu errei, eu deveria ter ficado fora daquele processo e ter esperado a eleição de 2018’”.
O bordão e as feridas de 2016
Com o mesmo espírito, Ramos não se esquivou de conversar francamente com Barbosa sobre o bordão que ficou famoso na campanha de 2016 à Prefeitura de Manaus, o “tem dinheiro, dá pra fazer”, que viralizou nas redes sociais e em todo lugar que ele ia.
E reconhece o mérito dos marqueteiros do seu adversário em segundo turno naquela eleição, o atual prefeito Arthur Neto (PSDB).
“Ficou muito marcado naquela eleição, é verdade, o ‘tem dinheiro, dá pra fazer’, do bordão que usamos no segundo turno, e acabou virando motivo de brincadeira pela habilidade da campanha de marketing do prefeito”, disse.
Hoje, dizendo-se mais amadurecido no mundo político, Ramos avalia que saiu realizado daquela campanha, em que acusa o adversário de ter usado a máquina pública contra sua candidatura de forma “avassaladora”, como nunca na história do Amazonas.
“Aquela eleição [2016] foi muito dura, muito acirrada, que deixou feridas até hoje, que não cicatrizaram porque eu acho que a campanha do prefeito [Arthur Neto, do PSDB] ultrapassou certos limites, de atingir minha honra, minha família, com mentiras, com manipulações, com vídeos montados”.
Ter chegado ao segundo turno desse pleito é considerada uma vitória por Ramos porque estava sem mandato desde 2014 e era o único candidato nessa condição.
“O Arthur [Neto] era prefeito, o Henrique [Oliveira] era vice-governador, o Silas [Câmara] era deputado federal, o Serafim [Corrêa] era deputado estadual, o José Ricardo era deputado estadual, o Luiz Castro era deputado estadual, … o Hissa [Abrahão] era deputado federal. E consegui passar ao segundo turno”.
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Riqueza de temas
Ramos tratou ainda da reforma da previdência proposta pelo governo federal, comentando sobre a aposentadoria parlamentar, internet para o interior do estado, dos portos dos municípios, da dura negociação com o Ministério da Economia sobre a Zona Franca de Manaus (ZFM) e outros.
Veja a entrevista completa de Marcelo Ramos no “Conversa Franca”
CONVERSA FRANCA | Com o Marcelos Ramos e os 100 dias dos governos e eleições 2020
Posted by BNC on Monday, April 8, 2019
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Foto: BNC Amazonas