Holandeses compram 4 mil km² de terras em Coari e um sai da web

Apenas uma ativista holandesa tem em seu nome escrituras de área de 26 km x 86 km (equivalentes a 1.200 km²) de mata fechada

holandeses, terras, coari, web

Aguinaldo Rodrigues

Publicado em: 21/11/2021 às 22:11 | Atualizado em: 21/11/2021 às 22:11

Holandeses de ong (organização não governamental), que compraram terras em região rica em minérios no município de Coari, no estado do Amazonas, estão prestes a serem investigados. Uma dessas entidades, a Opção Verde, desapareceu da internet ao saber que o Senado ganha força para instalar a CPI das ong da Amazônia. 

O senador Plínio Valério (PSDB-AM), autor do requerimento de criação da CPI, afirmou à Agência Senado que o objetivo das apurações não é ‘demonizar’ todas as ong, mas as que estariam causando mal ao país. 

Com a investigação ganhando força no Senado, o presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) já deu aval para a instalação. Por isso o site da Opção Verde sumiu do ar. 

A entidade foi criada por holandeses e desde 2008 compra terras nas florestas de Coari, onde há grandes reservas de gás no subsolo. 

A coluna do Mazzini, da revista IstoÉ, teve acesso a documentos que podem chegar à Polícia Federal para uma devassa. 

Para citar um caso, prossegue Mazzini, uma ativista holandesa tem em seu nome escrituras de área de 26 km x 86 km (estupendos 1.200 km²) de mata fechada. 

Outro ‘ongueiro’ holandês é do setor de energia. Seus nomes e fichas estão nas mãos do senador Plínio Valério, que há anos vem citando casos concretos de compras de muitas terras na região amazônica por estrangeiros.

Provas 

Os dados oficiais – são os oficiais, registrados em cartórios de cidades do Amazonas – indicam que, só estes holandeses já compraram cerca de 4 mil km² de terras na região. 

Segundo Valério, a ong contratou a advogada Mônica Bonfim (com especialidade em ações trabalhistas) em Manaus para representá-los em visitas ao Senado. Ela visitou uma vez alguns gabinetes ano passado, mas não voltou mais.

Colunista da IstoÉ afirma que não encontrou os contatos da advogada por telefone e e-mail (a reportagem enviou uma mensagem pelo Facebook dela).

Ong se justifica 

Há curiosidades nos informes do grupo para ambientalistas, que chegaram em dossiê ao Senado.

A ong Opção Verde, na justificativa para compras das terras, sugeria que o seu objetivo é preservar a floresta, criar um “sistema de monitoramento tropical”, capacitar e “controlar” os nativos, segundo narra Plínio Valério. 

A Opção Verde não está sozinha nisso. Há outras ong que têm estrangeiros residindo e comprando terras na região da Amazônia brasileira, em especial no Amazonas.

Leia mais

Ong é dona de quase metade de Coari, terra do petróleo, diz Plínio 

Financiador da ocupação

Informações sigilosas também apontam que um dos bilionários fundos internacionais para preservação da floresta, com dinheiro repassado a ong, vem em parte de uma multinacional de exploração de alumínio em terras do Pará. 

A CPI das ong da Amazônia já conta com assinaturas suficientes para ser aberta, os partidos já indicaram seus integrantes e foi lida em plenário. Falta instalar. Mas a agenda intensa de fim de ano pode empurrar a abertura da comissão para 2022. 

Mas a PF, se provocada na eventual CPI, pode descobrir o tamanho da Europa que já cabe no Brasil, diz a IstoÉ.

O lobby contra a CPI já é forte nos gabinetes. Advinha de quem?, questiona o colunista para, em seguida, responder: De senadores da bancada do Norte, ligados a entidades do terceiro setor.

Com informações da IstoÉ

Foto: G1 Amazonas/divulgação