Maia alerta que adiamento das eleições não tem votos suficientes na Câmara
PEC, aprovada por maioria no Senado, sofre resistência entre deputados por pressão de prefeitos que querem ficar no poder até 2022

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 25/06/2020 às 07:00 | Atualizado em: 25/06/2020 às 07:01
Já está na Câmara dos Deputados a PEC 18/20, que adia as eleições municipais deste ano por causa do coronavírus (covid-19).
Aprovada no Senado no dia 23, a proposta de emenda à Constituição determina dois turnos em 15 e 29 de novembro. Anteriormente, a previsão das eleições era dias 4 e 25 de outubro.
Mas, ao que tudo indica, a análise na Câmara dos Deputados não terá vida fácil, como ocorreu no Senado.
Em entrevista, o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse que a PEC ainda não tem votos suficientes para aprovação.
Enquanto isso, cresce no ambiente político-partidário a pressão dos prefeitos de todo o país. Além deles, das entidades municipalistas. Tudo para que a eleição aconteça em outubro deste ano ou seja transferida para 2022.
Na primeira hipótese, alguns prefeitos ficam livres de disputar a reeleição este ano. Já os reeleitos, ganham uma sobrevida no cargo.
Na segunda proposta, os prefeitos atuais acabam beneficiados por uma campanha mais curta. Dessa maneira, a ideia tende a beneficiar quem já é conhecido do eleitor.
Um dos partidos fortes do grupo “centrão”, o Progressistas (antigo PP) já bateu o martelo: não vota essa PEC. E fecha com os prefeitos. O partido tem uma bancada de 41 deputados federais.
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Manifestação da bancada
Membro do Progressistas e presidente da legenda no Amazonas, Átila Lins acompanha a decisão do partido no Congresso.
“Sou contrário ao adiamento das eleições para dia 15 de novembro pelo simples fato de que os motivos geradores para o adiamento não acabarão em novembro. Ao contrário, os motivos persistirão já que nem os especialistas sabem quando a covid-19 vai desaparecer”.
O parlamentar, assim sendo, faz coro à prorrogação dos mandatos para 2022, permitindo a unificação das eleições.
“Se não for possível, por causa de uma pseudo-inconstitucionalidade, apoio a manutenção do calendário eleitoral para 4 de outubro”.
De acordo com Lins, se a atual data para eleição for mantida, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) toma providências necessárias.
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Republicanos contrários
Igual opinião tem o deputado Silas Câmara (Republicanos). Conforme disse, é favorável a manter a eleição em outubro ou transferi-la para 2022, com coincidência das eleições gerais.
De acordo com parlamentar, a maioria dos membros do Republicanos defende que a eleição seja em outubro. A bancada tem 34 deputados.
Sobre se a PEC teria na Câmara a mesma facilidade do Senado, o deputado não soube avaliar. Só disse que votará contra o adiamento.
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Adiamento e saúde pública
Mesmo pertencendo a um dos partidos do “centrão”, o PSD, Sidney Leite disse que votará pelo adiamento. Conforme afirmou, a mudança não é uma questão política, mas de saúde pública.
“Especialistas do Brasil todo indicam que o ápice histórico do influenza no Brasil é nos meses de julho, agosto, início de setembro. Diante desse cenário posto, entendo que a gente seja responsável, devendo fazer o adiamento das eleições para o dia 15 de novembro, com o segundo turno no dia 29”.
Nessa direção também vai Bosco Saraiva (SD), com voto favorável à proposta aprovada no Senado.
“Acho uma temeridade a realização das eleições em 4 de outubro porque creio que muitos municípios brasileiros ainda estarão impactados pela covid-19”.
Saraiva ainda prevê uma desmotivação do eleitor, o que levará a uma grande abstenção nos dias de votação.
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Pré-campanha virtual
Para José Ricardo (PT), pré-candidato a prefeito de Manaus, haverá adequações ao texto que veio do Senado. Por exemplo, a realização de segundo turno em dezembro. E, dessa maneira, não defende prorrogação de mandato para 2022 “porque é inconstitucional”, afirmou.
Enquanto as datas não são definidas, Ricardo disse que está na pré-campanha, de modo virtual. Dessa forma, vem conversando com a população sobre saúde, habitação, transporte, saneamento e outros temas.
“Quando for permitido, estarei nas ruas dialogando de perto com as pessoas, ouvindo seus clamores e anseios para buscar as soluções quando for eleito”.
Foto: EBC/arquivo