Por Neuton Corrêa , da Redação
A bancada do Amazonas no Senado votou divida na Medida Provisória 870, cuja principal polêmica era a manutenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) com o ministro Sérgio Moro (Justiça) ou sua transferência para as mãos do ministro Paulo Guedes (Economia).
A mudança de pasta já havia sido aprovada na semana passada pela Câmara dos Deputados.
Investigado por corrupção, lavagem de dinheiro e advocacia administrativa na Lava Jato, o senador Eduardo Braga, líder do maior partido da Casa, o MDB, teve forte atuação para que os 13 parlamentares da sigla votassem para que o Coaf saísse de Moro.
O senador encaminhou voto para que o conselho passasse para a ser dirigido por Paulo Guedes e mais cedo argumentava que seguiria pedido do presidente Jair Bolsonaro (PSL) sobre a matéria.
“Ora, do que trata essa matéria que nós estamos agora iniciando o processo de discussão? Trata-se da reforma administrativa do Governo do Presidente Jair Bolsonaro. Ora, a reforma administrativa de um governo é do interesse do próprio governo”, disse Braga, acrescentando:
“Quem seria eu, senador da República, Líder do MDB, para me colocar contra a reforma administrativa que é proposta pelo Presidente da República e em que vossa excelência acaba de ler uma carta, assinada pelo próprio presidente da República, pedindo para se manter o texto da reforma do Governo comandado pelo Presidente da República?”.
A carta, porém, foi considerada pelo senador Omar Aziz (PSD) uma manobra do governo para mudar o processo de votação da matéria no Senado e evitasse que os votos contrários à permanência do Coaf com Moro chegassem ao conhecimento da sociedade.
“O Governo não precisava disso, até porque o Governo teria voto suficiente: pelo apoio dado de alguns partidos, a proposta encaminhada aqui pelo Presidente da República e os ministros teria número suficiente para derrubar. Mas o que que eles estão tentando evitar? É que o nome dos Senadores e Senadoras vá para o Plenário, para saber quem é quem”.
Para o parlamentar, a ação do Planalto foi falta de respeito com a opinião dos que divergem.
“Total falta de respeito por parte daqueles que divergem. E esse é o tipo de comportamento que não é bom para a democracia e não é bom para a Casa do Senado. Por isso, senhor presidente, volto a afirmar, ao texto geral eu voto favorável, é “sim”, mas nos destaques que tem, do Senador, eu vou votar”.
Omar cutucou:
“Olhe só, a confusão é a seguinte: nós somos favoráveis à reforma administrativa. Agora, tem gente aqui que tem medo de ficar com o Moro, é só isso”.
Já o senador Plínio Valério (PSDB), que também voto contra a ida do Coaf para a pasta de Paulo Guedes, criticou a intromissão do governo por meio da carta enviada ao Senado.
“Não vim para atender cartinha seja lá de quem for. Cartinhas não mudam o meu voto! Telefonemas não mudam o meu voto, porque ele é dado por convicção. Assim há de ser, e assim é que será. Entre o lobo e as ovelhas, eu fico com as ovelhas. Não me peçam para ser justo com o Presidente, não peçam para ser justo com o Ministro, porque eu estou sendo injusto com aquele pessoal que foi domingo, que foi, sábado, às ruas para dizer o que quer. E nós temos quer ir ao encontro deles. O povo está querendo, como seus representantes, que nós o ouçamos. E votar com o povo é querer o Coaf com o Ministro Moro”.
O voto dos senadores não foi exposto no painel de votações do Senado, mas, ao fim da sessão, o presidente da Casa, David Alcolumbre (DEM), leu a relação dos 29 parlamentares que divergiram da saída do Coaf do controle de Sérgio Moro.
Na ocasião, apareceram os votos de Omar Aziz e de Plínio Valério.
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado