Os ônibus maquiados que levaram à condenação do senador Acir Gurgacz (PDT-RO) pela primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF) podem ter sido entregues como novos em Manaus nas gestões dos ex-prefeitos Alfredo Nascimento (PR) e Luiz Alberto Carijó.
A suspeita é levantada na sentença que condenou Gurgacz. Na mesma, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, indica que a ilegalidade cometida por ele ocorreu quando o mesmo ocupava a função de diretor da empresa Eucatur nas cidades de Manaus e Porto Velho (RO) para compra de ônibus nos anos de 2003 e 2004.
Laudo apresentado pelo MPF na ação indica que a empresa Eucatur obteve empréstimo junto ao Banco da Amazônia para compra de sete veículos Volvo novos ao valor de R$ 290 mil cada. No entanto, as investigações apontam que os ônibus tinham mais de dez anos de uso, foram comprados por R$ 12 mil cada e receberam apenas carrocerias tinta novas.
“A finalidade era a aquisição de sete veículos Volvo novos, 2004. E foram aplicados em sete veículos retificados, 1993. Não houve aplicação correta dos recursos. Houve um desvio de finalidade desses recursos”, afirmou o presidente da Primeira Turma, ministro Alexandre de Moraes.
Alfredo Nascimento era o prefeito da cidade em 2003. Renunciou em março de 2004 para se tornar ministro do Governo Lula e, após ser traído pelo grupo político deixado na prefeitura, sua vaga foi ocupada pelo vereador Luiz Alberto Carijó que terminou o mandato.
Procurada pela reportagem para comentar o assunto, a assessoria de comunicação de Alfredo Nascimento negou que qualquer ônibus maquiado tenha sido entregue em Manaus durante a gestão do ex-prefeito.
Segundo a assessoria de Alfredo Nascimento, todos os ônibus entregues na gestão do ex-prefeito eram novos e com ar-condicionado.
Ainda de acordo com a assessoria, na gestão de Alfredo Nascimento na Prefeitura de Manaus houve o maior investimento dos últimos anos: “todos os terminais de integração foram construídos na gestão de Alfredo Nascimento, além do alargamento das avenidas Constantino Nery, Torquato Tapajós e de outras vias por onde passaria o Expresso”.
Questionada sobre a decisão que indica que os ônibus foram entregues ente os anos de 2003 e 2004, a assessoria assegurou: “deve ter sido em Rondônia”.
A reportagem tentou contato com o vereador Carijó pelo telefone 9xxxx- xx58 mas as chamadas não foram atendidas.
Ônibus
Gurgacz foi condenado a 4 anos e seis meses de prisão, em regime semiaberto, por crime contra o sistema financeiro e está inelegível para as eleições 2018, no momento em que era cotado pelo PDT para o Governo do Estado em Rondônia.
A primeira turma do STF, na decisão, sustenta que Gurgacz, na condição de diretor das filiais da empresa de ônibus Eucatur em Manaus e Ji-Paraná (RO) em 2002, fraudou financiamento no Banco da Amazônia e usou o dinheiro para outro fim.
O Ministério Público Federal alega que senador apresentou documentos falsos para fraudar a compra de sete novos ônibus ao custo unitário de R$ 290 mil. Os laudos do MPF apontam que os ônibus custaram R$ 12 mil cada um. O senador Gurgacz negou a acusação, que considera injusta.
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