Parlamentares do Partido Liberal (PL) afirmam que estão sendo perseguidos por colegas bolsonaristas dentro da Câmara dos Deputados. As acusações surgiram após o jornal O Estado de S. Paulo obter acesso a mensagens trocadas em um grupo de WhatsApp dos deputados do partido, onde membros radicais do grupo atacaram aqueles que divergem das posições do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A situação se agravou ao ponto de o líder do PL na Casa, Altineu Côrtes (RJ), restringir as publicações no grupo, permitindo que apenas os administradores do canal postem conteúdo.
Perseguição após votações contrárias
Os deputados do PL relatam que as perseguições se intensificaram após votarem contra as orientações do partido em relação a projetos do governo. Especificamente, mencionam a votação da reforma tributária, na qual 20 parlamentares do PL se posicionaram a favor da proposta, contrariando a liderança do partido e o próprio ex-presidente Bolsonaro, que se empenhou em convencer os correligionários a votarem contra o texto. Além das perseguições internas, os deputados divergentes também enfrentam ataques de milicianos digitais nas redes sociais.
Clima de hostilidade e ataques pessoais
Os deputados que são alvo das perseguições afirmam que são assediados por cerca de dez bolsonaristas radicais da bancada, os quais praticam ataques pessoais contra aqueles que não seguem a cartilha bolsonarista.
Vinicius Gurgel (PL-AP) e Yury do Paredão (PL-CE) são dois parlamentares que relataram ter sofrido ataques e afirmaram que o comportamento desses membros da bancada vai além do que é observado em Eduardo Bolsonaro (SP), filho do ex-presidente, que evita ofensas pessoais, embora defenda as posições do pai nas redes sociais.
Impacto nas votações e punições internas
A perseguição enfrentada pelos deputados divergentes tem impactos em suas votações e carreira política. Alguns parlamentares relatam ter deixado de votar contra os interesses de Bolsonaro após os ataques nas redes sociais.
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Há relatos de punições internas, como a perda de assentos em comissões parlamentares, como no caso de Gurgel, que perdeu assento em três comissões após abster-se de votar em uma medida provisória.
Diálogo e limites na bancada
Altineu Côrtes, líder do PL na Câmara, anunciou que buscará diálogo com o presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, e com Bolsonaro, para estabelecer limites e promover uma discussão conjunta com a bancada. Ele reforçou a importância da calma e afirmou que a agressão não levará a uma solução satisfatória.
No maior partido da Câmara, com 99 deputados, estima-se que cerca de dez sejam bolsonaristas radicais, o que tem gerado um clima de tensão e hostilidade dentro da legenda.
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Foto: Alan Santos/Presidência da República