Entre os projetos prioritários do governo de Jair Bolsonaro, a mineração em terras indígenas na Amazônia ganha força no parlamento após a vitória do deputado Arthur Lira (PP-AL) à presidência da Câmara dos Deputados.
Segundo o Observatório da Mineração, Lira é um dos entusiastas do projeto e já vem a um certo tempo sendo apoiado por empresas que têm interesse na exploração do garimpo na Amazônia.
É o caso da Rico Táxi Aéreo, dos irmãos Átila e Metin Yurtseve, que transportou Lira pelo país usando jatinho durante a disputa pela presidência da Câmara.
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“Na sua campanha para deputado federal de 2014, a última com doação direta de empresas, Arthur Lira recebeu R$ 200 mil da Rico Táxi Aéreo, um dos maiores valores recebidos por Lira na ocasião”, lembrou o Observatório.
No próprio site da Rico Táxi Aéreo, consta que a empresa foi fundada por Munur Yurtsever, o “Comandante Mickey”, nos anos 60, e “serve por décadas a garimpeiros nos estados da Amazônia Legal”.
Ao ser questionado sobre o pagamento das diversas viagens que fez no jatinho da empresa, o partido de Lira afirmou que as despesas serão declaradas nas prestações de contas à Justiça Eleitoral, que podem ser feitas até junho do ano que vem.
Mineração e garimpo
Além da mineração e do garimpo, o projeto (PL 191/2020), assinado pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e pelo então titular da Justiça Sergio Moro, autoriza exploração de petróleo e gás, construção de hidrelétricas, pecuária e plantio de sementes transgênicas em terras indígenas.
Caso seja aprovado, os povos indígenas não terão poder de veto e a consulta será uma mera formalidade. Na Câmara, o clima é de otimismo. A bancada ruralista dá como certa a aprovação da matéria.
Por ocasião da posse de Lira, o presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), deputado Sérgio Souza (MDB-PR), disse que há “uma grande convergência, da vontade e unicidade”.
Ou seja, os ruralistas que são 260 deputados vivem o seu “melhor momento”, pois tem o novo presidente da Câmara como “um grande aliado”.
A deputada Talíria Petrone (RJ), líder do PSOL na Câmara, disse que a lista de prioridade do governo Bolsonaro no Congresso basicamente retira direitos, mais armas, políticas neoliberais e retrocesso na legislação socioambiental.
“O primeiro é o PL 191/2020, que permite atividades como mineração, turismo, pecuária em terras indígenas. Um absurdo! O projeto quer atender interesses privados, permitindo a invasão de territórios indígenas e atenuando a disputa de terras com grandes corporações”, criticou.
Foto: Divulgação