Último ato de Bolsonaro em 2021 ataca polo da ZFM que mais emprega no interior
Decreto Nº 10.923, no último dia de 2021, ataca Coca-Cola e Ambev, que geram emprego e renda em Maués e Presidente Figueiredo

Neuton Corrêa, do BNC AMAZONAS
Publicado em: 01/01/2022 às 03:22 | Atualizado em: 01/01/2022 às 03:22
O presidente Jair Bolsonaro (PL) quebrou acordo com o Amazonas e editou um decreto, o de Nº 10.923, de 30 de dezembro de 2021, que ataca gravemente o polo de concentrados de bebidas da indústria da Zona Franca de Manaus.
Nesse polo estão instaladas duas grandes marcas, Coca-Cola e Ambev.
Só nas fábricas de Manaus o setor emprega diretamente 4.571 pessoas.
Mas o polo de bebidas do Polo Industrial de Manaus abre vagas de trabalho além da capital.
A Ambev, por exemplo, compra todo o guaraná produzido em Maués (AM).
Por sua vez, a Coca-Cola produz e compra cana-de-açúcar de Presidente Figueiredo.
Também compra o açaí que é produzido em vários municípios amazonenses.
O Decreto Nº 10.923/2021, publicado neste dia 31 de dezembro, revogou o Decreto nº 10.532, de 26 de outubro de 2020, que fixava alíquota de 8% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para o setor.
O percentual representava vantagem para empresas instaladas em Manaus frente às demais concorrentes do resto do país.
Com essa decisão do presidente, a alíquota passa a vigorar, a partir de agora, com crédito de 4%, que pode ser um convite para que as empresas do setor deixem Manaus e talvez o Brasil.
Isso aconteceu com a Pepsi, quando governo federal começou a reduzir, de forma escalonada, o percentual do IPI, que antes era de 20%.
Leia mais
Chegou a fatura: Pepsi anuncia saída da Zona Franca
Havia acordo do presidente Bolsonaro com a bancada do Amazonas, e com os amazonenses, pela manutenção dos incentivos.
Esse acordo aconteceu em outubro passado, quando assunto foi tratado no Congresso Nacional.
Para o deputado federal Marcelo Ramos (sem partido), vice-presidente da Câmara, o decreto de Bolsonaro foi um péssimo recado para o mercado e para os investidores.
“As empresas trabalham com planejamento de longo prazo. Um decreto desses, ainda que seja revertido, transmite instabilidade”, disse o parlamentar.
Perseguição
Desde que foi eleito, Bolsonaro deu demonstração de que criaria embaraços à Zona Franca de Manaus.
Fez isso quando colocou no comando da Economia do País o empresário Paulo Guedes, que faz forte campanha contra o modelo.
Mas esses ataques de Guedes nunca foram estancados pelo presidente.
Leia mais
Vice da Câmara e presidente da CNI repudiam ataque de Guedes à ZFM
A empresários, Guedes mostra ver futuro do AM sem as indústrias da ZFM
Paulo Guedes diz respeitar ZFM apesar das ameaças e ataques
Deputado cobra da Suframa e Guedes recusa a investimento da LG na ZFM
Empresários reagem às críticas de Maia e Guedes aos incentivos da ZFM
ZFM é primeira a sentir impactos negativos da agenda liberal de Guedes
Foto: Divulgação/Alan Santos