O senador Aécio Neves (PSDB-MG) mostrou, na terça-feira (17), como sabe agir sorrateiramente a favor da preservação do seu mandato.
Usou de influência para orientar, de dentro da mansão dele, um de seus escudeiros no Senado de como defendê-lo das acusações de corrupção e da punição imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como medidas cautelares.
Em raro momento de constrangimento, os senadores se reuniram para livrar o senador tucano
Afastado do mandato e proibido de sair à noite pela Primeira Turma do Supremo, o tucano permaneceu durante todo o dia recolhido em sua mansão no Lago Sul.
Por celular, no entanto, ele recomendou a linha de discurso que um de seus aliados deveria seguir na tribuna, antes de a Casa decidir seu futuro no voto.
É o que revela uma sequência de imagens captadas pelo fotógrafo Cristiano Mariz, da revista “Veja”.
Nas fotos, o senador mineiro, Antonio Anastasia, é flagrado conversando pelo WhatsApp com Aécio Neves minutos antes da votação.
O presidente afastado do PSDB parece ansioso enquanto orienta o fiel escudeiro.
“Quem vai falar?”, questiona Aécio. “Sei que Telmário e eu. Mais dois”, diz Anastasia.
Aécio está preocupado em deixar evidente no discurso dos aliados o “direito” de poder se defender como senador das acusações apresentadas pela Procuradoria-Geral da República. “Importante vc repetir aquele discurso. Por favor. Direito de Defesa”, escreve Aécio ao aliado.
Companheiro aplicado, Anastasia responde com um breve “Ok” e relata a Aécio como será a votação:
“O Tasso [Jereissati] vai falar. O Telmário também. São só cinco fé (provável erro de digitação de ) cada lado”.
Aécio passa outra orientação: “Faz uma defesa mesmo que rápida da minha trajetória. Se puder Rs”, diz.
Antonio Anastasia seguiu o plano à risca e atacou a decisão do Supremo lembrando o “direito de defesa”:
“No caso concreto do senador Aécio Neves, nós estamos diante de um processo em que já há denúncia aceita e em que a defesa está completa, no âmbito do processo? Em que todo o processo penal está já concluído, em andamento, e já com a defesa formalizada? Ainda não. Nós estamos ainda numa fase inaugural, preambular, inicial do processo. Por isso mesmo, as medidas cautelares que foram colocadas por alguns ministros do Supremo, a meu juízo, não têm cabimento neste momento”, discursou, lembrando a “garantia do direito de defesa é sagrada no regime democrático de direito”.
A testemunha
O senador Anastasia (foto) encerrou seu pronunciamento fazendo, conforme o pedido de Aécio, “uma defesa mesmo que rápida da minha trajetória”: “Também não posso deixar de acrescer a minha qualidade de testemunha, senhor presidente, do grande desempenho administrativo que teve o governador, à época, Aécio Neves à frente do governo e, de fato, o reconhecimento que os mineiros lhe deram, tanto que o trouxeram, com votação muito expressiva, ao Senado da República”.
Fonte: Veja
Fotos: Fotos Públicas