Governo pede fim de aĂ§Ă£o contra demarcaĂ§Ă£o de terras indĂgenas
A Advocacia-Geral da UniĂ£o argumenta que a suspensĂ£o da medida prejudicaria o processo de demarcaĂ§Ă£o e que nĂ£o hĂ¡ ameaça aos produtores rurais. A disputa estĂ¡ em discussĂ£o no Congresso Nacional.

Publicado em: 30/05/2023 Ă s 15:23 | Atualizado em: 30/05/2023 Ă s 15:23
O governo apresentou sua defesa no Supremo Tribunal Federal (STF) em relaĂ§Ă£o a uma aĂ§Ă£o movida pelo PP que questiona uma medida provisĂ³ria (MP) que transferiu as competĂªncias de reconhecimento e demarcaĂ§Ă£o de terras indĂgenas para o MinistĂ©rio dos Povos IndĂgenas.
A informaĂ§Ă£o foi divulgado pela jornalista Fernanda Vivas e MĂ¡rcio FalcĂ£o, da TV Globo, no portal g1.
A Advocacia-Geral da UniĂ£o (AGU) argumentou que a suspensĂ£o da modificaĂ§Ă£o promovida pela MP prejudicaria o processo regular de demarcaĂ§Ă£o de terras indĂgenas.
A AGU ressaltou tambĂ©m a constitucionalidade da proposta, afirmando que a mudança na competĂªncia nĂ£o alterou o procedimento de reconhecimento dos territĂ³rios indĂgenas e que nĂ£o hĂ¡ ameaça aos direitos de propriedade de produtores rurais ou de qualquer outro grupo.
A AGU afirmou que nĂ£o hĂ¡ privilĂ©gios concedidos a um grupo em detrimento de outro e que a identificaĂ§Ă£o, delimitaĂ§Ă£o, demarcaĂ§Ă£o e registro das terras tradicionalmente ocupadas pelos indĂgenas seguirĂ£o o mesmo processo anterior, com uma redistribuiĂ§Ă£o de competĂªncias entre os ministĂ©rios.
Segundo a AGU, a transferĂªncia de competĂªncias foi apenas uma reorganizaĂ§Ă£o administrativa, sem comprometer a integridade do procedimento.
A representante do governo destacou que nĂ£o se pode supor que as autoridades e servidores pĂºblicos do MinistĂ©rio dos Povos IndĂgenas atuarĂ£o de forma contrĂ¡ria aos princĂpios da impessoalidade, legalidade e moralidade nos processos de demarcaĂ§Ă£o de terras.
Ela enfatizou que todo o procedimento administrativo, incluindo a demarcaĂ§Ă£o de terras indĂgenas, Ă© transparente e sujeito a contestações por parte dos interessados.
A manifestaĂ§Ă£o do governo foi uma resposta Ă determinaĂ§Ă£o do ministro Nunes Marques, relator da aĂ§Ă£o movida pelo PP. A MP em questĂ£o, que reestruturou a organizaĂ§Ă£o administrativa do Poder Executivo, foi a primeira proposta editada pelo presidente Lula apĂ³s sua posse, em 1º de janeiro.
A aĂ§Ă£o do PP alega que a mudança prevista na MP viola princĂpios constitucionais, como o da isonomia, ao transferir a competĂªncia para estabelecer limites para os territĂ³rios indĂgenas para um ministĂ©rio responsĂ¡vel pela defesa dos interesses dos povos originĂ¡rios, sem considerar os interesses de outros grupos, como os produtores rurais.
O partido argumenta que a atribuiĂ§Ă£o deve permanecer com o MinistĂ©rio da Justiça, a fim de evitar um desequilĂbrio em favor das comunidades indĂgenas em detrimento dos produtores rurais.
A aĂ§Ă£o seguirĂ¡ um rito previsto em lei, determinado por Nunes Marques, que estabelece a decisĂ£o colegiada para o pedido de suspensĂ£o dos efeitos da proposta.
É importante ressaltar que o tema estĂ¡ em discussĂ£o no Congresso Nacional, onde a MP que trata da reorganizaĂ§Ă£o bĂ¡sica do governo estĂ¡ sendo debatida.
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A ComissĂ£o Mista responsĂ¡vel pela anĂ¡lise do texto aprovou um parecer que retira a responsabilidade pela demarcaĂ§Ă£o de terras do MinistĂ©rio dos Povos IndĂgenas e a transfere de volta ao MinistĂ©rio da Justiça.
As ministras SĂ´nia Guajajara (Povos IndĂgenas) e Marina Silva (Meio Ambiente) criticaram essa alteraĂ§Ă£o aprovada na comissĂ£o mista.
A MP ainda serĂ¡ analisada pelos plenĂ¡rios da CĂ¢mara dos Deputados e do Senado.
Foto: Lula Marques/ AgĂªncia Brasil