A vida por um fio. Adeus, passarinho!

Neuton Correa
Publicado em: 25/09/2019 às 12:45 | Atualizado em: 25/09/2019 às 21:33
Por Neuton Corrêa, da Redação
Pus-me agora a imaginar como foram os últimos momentos desse serzinho tão inofensivo.
Quão angustiante foi estar ali se debatendo para tentar viver?
Que tempo foi esse?
Infinito!
Sim, eterno. Agora, eterno!
Será que cantou? Que canto cantaria?
Choraria? Talvez, se a razão humana alcançasse uma gota de seu sofrimento.
Ali está o defunto.
Empalhado!
Bico para baixo, asas abertas, num invertido crucifixo.
Pendurado!
Seu calvário foi uma árvore solitária, um resistente apuizeiro que se insurge num deserto de concreto do estacionamento do banco Itaú, da avenida André Araújo, na cidade Manaus.
Minha compaixão à sua dor me fez fotografar o que restou daquela angústia e perceber apenas um fiozinho, apenas uma linhazinha preta, não maior do que cinco centímetros, traçada em suas patinhas, mas de tamanho suficiente que lhe impediu de voltar para os seus ou seguir para algum lugar que ele mesmo, quem sabe, não haveria de saber.
Adeus, passarinho!
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Foto: Neuton Corrêa