O núcleo de campanha que trabalha pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) passou a pressionar a equipe econômica do governo para que o ministro Paulo Guedes encontre solução para as recorrentes altas no preço dos combustíveis. É o que destaca reportagem do Metrópoles neste sábado (12).
Conforme visão do grupo, a pauta terá reflexo nas eleições deste ano, e os sucessivas aumentos no valor desses insumos podem manchar a imagem do presidente, além de dificultar o plano do mandatário de seguir no comando do país.
Desse modo, segundo interlocutores, o Palácio do Planalto quer que o Ministério da Economia crie novo programa de subsídio para os combustíveis, caso a sanção do projeto de lei que altera a regra de incidência do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS) sobre combustíveis não seja suficiente para conter a alta nos preços, e o conflito entre Rússia e Ucrânia dure mais do que o esperado.
“Se nada funcionar, Guedes terá de atender aos pedidos. Não tem jeito”, disse um aliado político do governo.
Leia mais
No entanto, a equipe econômica pede calma e tempo, e condiciona o subsídio ao fato de a guerra se estender até “meados de abril”.
Segundo projeções internas do Ministério da Economia, o conflito não deve durar muito tempo, uma vez que, segundo integrantes da pasta, os dois países não têm condições de dar continuidade ao confronto.
Alta
O Brasil já vinha sofrendo com a alta no valor dos combustíveis, e a invasão russa de território ucraniano agravou o cenário, uma vez que o conflito resulta na elevação do preço internacional do barril do petróleo. A Rússia é um dos maiores exportadores de petróleo do mundo.
Em razão da guerra, por exemplo, a Petrobrás anunciou, na última semana, novo reajuste dos preços nas refinarias; alta de 18,8% na gasolina e 24,9% no diesel.
Diante da pressão da ala política, Guedes se viu obrigado a admitir, em público, que o governo pode vir a subsidiar os combustíveis caso o conflito no Leste Europeu se prolongue.
“Nós vamos nos mover de acordo com a situação. Se isso [a guerra] se resolver em 30 ou 60 dias, a crise estaria mais ou menos endereçada. Agora, vai que isso se precipita e vira uma escalada? Aí sim, você começa a pensar em subsídio para o diesel”, afirmou o ministro na quinta-feira (10).
Subsídio
A ideia é que o programa tenha validade de até seis meses, a fim de compensar a alta do petróleo no mercado internacional e evitar o repasse do preço para as bombas.
De acordo com a proposta do governo federal, a ideia é estipular um valor fixo de referência para a cotação dos combustíveis e subsidiar a diferença entre esse montante e a cotação internacional do petróleo. O pagamento seria feito a produtores e importadores de combustíveis.
Além disso, a equipe econômica também pensa em segurar o aumento dos preços dos combustíveis para o consumidor final, usando o lucro da Petrobrás registrado em 2021.
Há duas semanas, a estatal informou ter registrado lucro líquido recorde de R$ 106,6 bilhões em 2021. Em 2020, reportou ganhos de R$ 31,504 bilhões.
O presidente Jair Bolsonaro já defendeu a medida e disse que a petroleira “sabe o que fazer” para que o preço dos combustíveis não dispare em território brasileiro.
Leia mais no Metrópoles.
Foto: Clauber Caetano /Presidência da República