Anastasia se irrita com Plínio e diz não aceitar debate baseado em má-fé
Centro da questão é indicação de ministro ao STF pelo presidente da República

Aguinaldo Rodrigues
Publicado em: 20/01/2020 às 20:15 | Atualizado em: 20/01/2020 às 20:15
Iram Alfaia, de Brasília
Um vídeo do programa “Os Pingos nos Is”, da rádio Jovem Pan, divulgado na última sexta-feira, dia 16, no Twitter do senador Plínio Valério (PSDB), provocou uma crise no ninho tucano do Senado.
No programa, o senador Antônio Anastasia (MG) foi criticado pelos apresentadores Felipe Moura Brasil e Augusto Nunes por mudar a proposta do senador amazonense a fim de impedir que o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), indique o ministro da Justiça, Sérgio Moro, para o Supremo Tribunal Federal (STF) ou outro nome da sua escolha.
Os apresentadores dizem que a proposta de emenda à Constituição (PEC) de Plínio para reduzir o mandato do ministro do STF para oito anos e a indicação permanecer sob a responsabilidade do presidente, com aval do Senado, “tem muito apoio na sociedade”.
Relator da proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Anastasia sugeriu que as indicações sejam feitas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Procuradoria-Geral da República (PGR) e o próprio STF.
Em entrevista divulgada nesta segunda-feira, dia 20, pela rádio Senado, o tucano mineiro explicou que a proposta apresentada por ele só passará a valer no primeiro dia de um novo mandato presidencial, ou seja, não seria aplicado ao atual governo.
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“Fake news”
“Trata-se de notícia falsa de que o projeto quer barrar uma eventual indicação de Moro ao STF. Eu não aceito um debate baseado em mentiras e má-fé”, desabafou o senador, irritado com a divulgação do vídeo pelo seu colega de bancada no Senado.
“Eu sou a favor de que a escolha continue com o presidente da República. Não vejo com bons olhos a proposta de concentrar a escolha em três instituições. É como dizer ao presidente: ‘Você é livre para escolher, mas escolha entre estes aqui’”, publicou Plínio em sua rede social.
E prosseguiu:
“Acho que um presidente da República, não importa quem seja, tem prerrogativas e autoridade para fazer determinadas coisas. Ele tem o respaldo do voto. Agora, OAB indicar ministro do STF? Imagine você essa OAB que está aí indicando ministro do STF? Acho que seria uma burrice muito grande.”
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Concordância
Por outro lado, o senador amazonense comemorou o aproveitamento de parte da sua proposta pelo relator.
“Colocou lá o que havíamos proposto. Ao vagar, sair o ministro, o vago não pode perdurar 30 dias. O presidente tem 30 dias e o Senado 120 dias para avalizar. Se em 30 dias [o presidente] não fizer, o Senado faz [indicação]”, afirmou Plínio.
Foto: Roque de Sá/Agência Senado