A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que consagrou o crédito de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na venda de insumos produzidos na Zona Franca de Manaus (ZFM) para o restante do país é a oportunidade para um “novo e promissor momento econômico do Amazonas”.
Quem faz tal avaliação é Amazonino Mendes (PDT), ex-governador do Amazonas por quatro mandatos, nesta terça, dia 30.
Amazonino disse que a decisão do STF dá nova dimensão à economia do Amazonas e possibilita o realinhamento para o que chama de “verdadeira indústria da ZFM”, a de insumos.
Para o ex-governador, agora, mais do que nunca, está aberta a oportunidade para a indústria 4.0, de chips, partes e peças de bens eletrônicos e cibernéticos destinados à indústria brasileira e até mesmo do exterior.
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Hora de pôr fim às linhas de montagem
Amazonino disse que é preciso vigilância. E fez críticas às ações políticas de empresários de outros estados e de parte da imprensa que impediram, até agora, segundo ele, a ZFM de produzir tecnologia avançada e projetos paralelos com o uso dos benefícios fiscais para a Amazônia.
“O Brasil perdeu a oportunidade de produzir tecnologia avançada. A forma como empreenderam a ZFM foi de indústria de montagem. Não estimularam a verdadeira indústria, que é a de insumos. E não criaram projetos paralelos com o uso dos benefícios fiscais da ZFM para a região amazônica”, disse.
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Ecos da campanha de 2018
Derrotado por Wilson Lima (PSC) em 2018, Amazonino faz questão de recordar que essas foram ideias que apresentou em sua campanha ao Governo do Estado.
Indústria 4.0 ou quarta revolução industrial é uma expressão que engloba tecnologias para automação e troca de dados e utiliza conceitos de internet das coisas e computação em nuvem.
“Isto [decisão do STF] pode ser sinais de novos tempos. Agora, por exemplo, mais do que nunca, pode se imaginar e sonhar com uma indústria de chips, como de resto indústria de partes e peças de bens eletrônicos, cibernéticos destinados à indústria brasileira ou até mesmo para o exterior. É uma nova zona franca, uma nova oportunidade”, afirmou.
Amazonino disse ainda que a indústria de montagem de bens e produtos é mais frágil e oscilante. “O nosso guardião tem sido o Supremo, impondo-se tão somente a vigilância e argumentos por parte da inteligência local, política ou não”, disse.
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Baixo nível do debate político
Em tom de crítica, Amazonino disse que é preciso qualidade política para as discussões sobre o futuro da ZFM, buscar temas relevantes para a agenda das instituições políticas, deixar de lado temáticas “bobas” e verificar potencialidades econômicas para investimentos.
“Muito mais do que discutir e aprovar a entrega de medalhas, é preciso discutir um ‘outro desenvolvimento’”, afirmou.
O ex-governador disse que é preciso fazer uma revisão crítica das temáticas políticas no Amazonas.
“É preciso reconhecer que a nossa discussão está muito pobre e muito distante do que deve-se discutir propriamente. Temos que fugir das superficialidades e começar uma agenda abordando temas que digam respeito a criação de novas matrizes econômicas, emprego e futuro para os nossos filhos. Temos que dar mais qualidade política às nossas discussões”, afirmou.
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Importância da floresta
O velho político vê a decisão como uma vitória pessoal por ter sido um dos primeiros a defender o modelo zona franca como barreira ao desmatamento da floresta na Amazônia.
Tanto é assim que, passadas mais de cinco décadas de existência da ZFM, o Amazonas hoje tem mais de 90% da sua mata original preservada.
Segundo o ex-governador, “agora, mais do que nunca”, o amazonense deve usar o argumento de que a preservação da floresta da Amazônia Ocidental deve-se à Zona Franca de Manaus.
“Faço justiça porque fui eu que levantei isso. Diferentemente das demais unidades da Amazônia, [o modelo] tem geração de emprego através de uma indústria sem chaminés”, afirmou.
Amazonino considera que “o Supremo demonstrou que é o nosso guardião”, de defesa da floresta, contra “interesses viciados de empresários paulistas que se constituíram com incentivos fiscais gratuitos, diferentemente dos incentivos da Zona Franca de Manaus, que têm sentido doutrinário, científico e constitucional”.
(Texto organizado por Aguinaldo Rodrigues , da Redação, com release da assessoria de Amazonino Mendes)
Foto: BNC Amazonas