A “emenda Gilmar Mendes” proposta pelo senador Eduardo Braga , do MDB do Amazonas, na reforma administrativa do governo federal na MP 870 para restringir a atuação dos auditores fiscais da Receita Federal de investigar crimes apenas de ordem fiscal, não resistiu a uma votação simbólica no plenário da Câmara dos Deputados na tarde desta quinta, dia 23.
Tratado como “jabuti” (emenda estranha ao tema tratado), os líderes de partidos resolveram que ela seria rejeitada.
Com a decisão contrária às intenções de Braga, a matéria da MP é dada como concluída pelos deputados e agora segue para o Senado.
Pelo “jabuti” do senador do Amazonas, auditores só seriam autorizados a compartilhar com outros órgãos, como o Ministério Público, indícios de crimes tributários.
A atuação dos auditores nas investigações contribuíram bastante para que muitos dos investigados por crimes no país acabassem presos pela operação Lava Jato e seus desdobramentos, e depois condenados pela Justiça.
Braga conseguiu atrair a indignação de auditores de todo o país, que na última terça-feira, dia 21, realizaram manifestação em todo o país contra o “jabuti”.
Segundo eles, o compartilhamento de dados, pela emenda, só seria permitido com autorização judicial, o que inviabiliza a investigação de crimes conexos à sonegação, privando o Ministério Público Federal e a Polícia Federal de informações fornecidas pela Receita Federal a respeito de atividades financeiras suspeitas.
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Moro sem Coaf
Ontem, dia 22, o plenário aprovou o texto-base da MP 870. Os deputados aprovaram o texto da comissão mista que analisou a matéria e que devolve para o Ministério da Economia o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
O governo havia transferido o órgão para o Ministério da Justiça e Segurança Pública .
O texto ainda transferiu novamente para o Ministério da Justiça e Segurança Pública a Fundação Nacional do Índio (Funai), que também ficará responsável pela demarcação de terras indígenas.
Antes, o órgão estava subordinado ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e a demarcação era uma atribuição do Ministério da Agricultura.
Os deputados firmaram um acordo para evitar uma das polêmicas, a recriação de dois ministérios fundidos (Cidades e Integração Nacional).
Pelo acordo, os deputados aprovaram a manutenção dos dois no Ministério do Desenvolvimento Regional, revertendo a mudança proposta pelo projeto de lei de conversão do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).
Com informações da Agência Brasil
Foto: BNC Amazonas