Aguinaldo Rodrigues , da Redação
O coronel-superintendente da Zona Franca de Manaus (Suframa ), Alfredo Menezes Júnior , em reunião a portas fechadas com servidores efetivos da autarquia nesta quarta, dia 12, desabafou a inquietação que vem sofrendo no cargo que recebeu do compadre presidente da República.
Fonte da Suframa disse ao BNC Amazonas que dois fatos deixaram o militar aposentado bastante agitado: a divulgação pela imprensa do plano Dubai, que acaba com subsídios federais à Zona Franca de Manaus (ZFM) e, por via de consequência, com o próprio modelo, e o interesse do superintendente de atrair servidores de qualquer parte do país para ocupar cargos na Suframa.
O superintendente deixou claro que está profundamente descontente com a “tropa”, segundo a fonte. Apontou que “ninguém quer assumir responsabilidade na Suframa” e que “as pessoas não querem trabalhar”.
Ele ainda acusou que servidores que vão assessorá-lo já chegam carregados de “ranço”.
Menezes Júnior disse que é vítima de “amarras” dentro da sua própria casa. Acusou que há mecanismos do “sistema” que o impediram de trabalhar nestes cinco meses pela ZFM.
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Mudanças a caminho
Reagindo, e em tom ameaçador, preveniu os servidores que “mudanças vêm aí” porque o Brasil mudou e “aqui também mudou”, disse ele. Não informou quais seriam essas mudanças, mas nesta semana lançou edital oferecendo cargos na Suframa para servidor de qualquer parte do país.
Esse foi o clima tenso da reunião com os servidores efetivos, depois que Menezes Júnior mandou que todos parassem o que quer que estivessem fazendo para ouvir seu desabafo.
O dirigente maior do modelo ZFM ainda tentou baixar a temperatura do encontro e elevar a moral dos seus comandados exibindo vídeos “motivacionais”.
E foi só ontem que Menezes Júnior apresentou o coronelato-adjunto que comanda a Suframa a seus funcionários.
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“Plano Dubai é coisa da imprensa leviana”
Sobre o plano Dubai, Menezes Júnior chamou a imprensa de leviana por ter revelado um projeto que ele mesmo ajudou a engendrar, mas que mantinha em segredo.
Quem contou que o governo federal quer extinguir o atual modelo e criar polos segmentados de exploração dos recursos naturais da Amazônia foi o próprio chefe do coronel, o secretário de Produtividade, Emprego e Competitividade (Sepec), Carlos da Costa .
Aos servidores, o superintendente disse que Costa apenas falou de ideias que estão em discussão e que “todo mundo já sabe”, mas que o plano Dubai não existe.
Menezes Júnior anteriormente afirmara que participou das conversas com Costa, com o ministro da Economia, Paulo Guedes , e até com o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), na formatação do projeto.
Como sempre faz, ontem também não perdeu a chance de destacar sua amizade particular e íntima com Bolsonaro. Dizendo que ganhou o cargo diretamente das mãos do presidente, fez questão de revelar que na terça-feira tinha conversado com ele.
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Enfim, a reunião do CAS
Questão pela qual vem sendo bastante criticado até pelo meio empresarial, o coronel da Suframa prometeu que em julho sai a primeira reunião de sua gestão do conselho de administração da autarquia, o CAS .
Segundo disse aos servidores, a Casa Civil do governo Bolsonaro está definindo a composição do conselho. Enquanto os conselheiros não são nomeados o CAS não pode se reunir.
Por esse evento não ter acontecido durante um semestre inteiro, os investimentos das empresas no polo industrial da ZFM também não puderam ser deliberados.
Nesta quarta, Menezes Júnior não quis se arriscar a novamente anunciar que o compadre Bolsonaro estará na reunião do CAS . “Não depende da Suframa”, se limitou a dizer agora.
Depois do bombardeio de críticas pela gestação de um plano que não é de interesse do Amazonas, políticos opinam que o presidente deve evitar visitar o estado neste momento. O superintendente da ZFM disse, quando Bolsonaro cancelou agenda anterior, que ele só iria conhecer o polo industrial quando tivesse alguma novidade a anunciar.
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Foto: BNC Amazonas