No inquérito que corre no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar suposto crime eleitoral da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e do seu marido e presidente estadual do partido, Eron Bezerra, na eleição de 2012, o procurador-geral da República em exercício, José Bonifácio de Andrada, encaminhou pedido a Fachin, em julho, de mais prazo para que a Polícia Federal complete diligências das investigações. O relator deferiu no início deste mês.
Andrada também se manifestou favorável que a investigação sobre a senadora e o ex-deputado ocorram em outra corte que não o Supremo. Ele considerou que, embora o nome de Vanessa e Eron tenham surgido na delação da Odebrecht, os fatos até agora apurados não têm, a princípio, conexão com os casos investigados na Lava Jato.
Na delação de executivo da Odebrecht, Vanessa tinha o codinome “Ela” no escritório de propina da construtora, e Eron foi citado como “o marido da senadora”.
Fachin acatou os pedidos e submeteu a questão à avaliação da presidente do STF, Cármen Lúcia. Segundo a assessoria da senadora, a ministra Rosa Weber já foi designada relatora da investigação apenas sobre o uso irregular de recursos de caixa 2 (dinheiro não contabilizado) nas eleições de 2012.
Vanessa viu a decisão de Fachin como afirmação de que ela e Eron não tem envolvimento com a operação Lava Jato.
Sobre o caixa 2, a senadora disse que já provou “que todos os recursos da nossa campanha foram legalmente contabilizados”.
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Diligências incompletas
A Polícia Federal, como resultado das diligências determinadas pelo comando da operação Lava Jato, vem respondendo ao ministro-relator no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, não ter encontrado indícios de crimes apontados por certos delatores em alguns casos envolvendo políticos.
Um desses casos é referente ao senador Valdir Raupp (PMDB-RO), investigado em inquéritos na Lava Jato por crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e tráfico de influência.
Em documento, a delegada Graziela Machado afirma que a Polícia Federal não conseguiu comprovar o elo das doações à campanha de Raupp ao esquema de corrupção narrado pelo delator.
Confira matéria da Folha que aponta lacunas achadas pela polícia na fase de diligências, o que vem impedindo o avanço das investigações.
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Foto: BNC