Seja “segunda onda” ou “repique”, uma coisa é certa: os jovens estão se infectando mais na atual retomada de coronavírus (covid-19) no país.
Se em maio, início da escalada de registros, doentes entre 15 a 29 anos eram 13,5% dos diagnosticados, em novembro eles chegaram a 20,5%.
Já entre as pessoas de 40 anos ou mais, há tendência de queda na proporção dos infectados.
O estudo inédito é da Rede Análise Covid-19, que leva em conta os testes RT-PCR positivos nas bases oficiais do SUS desde o início da pandemia.
A rede é uma coalizão nacional de pesquisadores voluntários.
De acordo com as conclusões do levantamento, os números preocupam. Isso porque os jovens são considerados como transmissores potenciais do vírus.
Conforme explicam os pesquisadores, os jovens pouco sofrem os efeitos da contaminação. Mas, ao mesmo tempo, mantêm atividades e contatos sociais.
Dessa maneira, as festas de fim de ano já acendem o alerta porque os jovens podem contaminar os mais vulneráveis nas tradicionais reuniões de família.
Enquanto há aumento de contaminados de 5 a 39 anos, o estudo registrou queda, ainda que pequena, entre os maiores de 40 anos. Para os pesquisadores, é importante essa redução porque acena com uma tendência entre esse público, que até aqui lidera também no número de mortes.
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Resistir à tentação
“Você tem que ser muito forte para sair do trabalho numa sexta, após uma semana cansativa, e ir direto para casa”.
O pensamento de uma jovem ouvida por O Globo sintetiza bem as razões dos números revelados pelo estudo.
Essa jovem não sentiu mais do que congestionamento nasal e perda de paladar e olfato. Ao fazer o teste, foi diagnosticada com o coronavírus.
Morando com a mãe e avó, ela revelou que temeu passar o vírus. “Tenho medo do que posso causar a elas”.
Uma outra jovem, de 22 anos, estudante de medicina, foi contaminada pelo vírus. Passou sete dias em UTI. Conforme disse, conhece pelo menos seis amigos que contraíram a doença porque acreditaram que, por ser jovens, estavam “blindados”.
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Inércia do Estado
Para ela, esse cenário vai piorar quando bares e restaurantes forem reabertos totalmente nas cidades porque os jovens vão ignorar ainda mais os riscos.
Em resumo, pesquisador afirmou que falta intervenção firme dos governos e do Estado. Além disso, há uma cultura de minimizar os riscos para que as atividades econômicas voltem totalmente.
Para ele, isso são fatores que dificultam o controle do coronavírus. E nem mesmo o recuo de governos, como São Paulo e Distrito Federal, são suficientes.
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Foto: Fabiano Battaglin/Reprodução Agência Brs