STJ investiga Lava Jato a partir de bilhete rabiscado que cita Campbell

Procuradores do MP teriam tratado lista de nomes de ministros do STJ no bilhete como "possível prova de propina", daí o inquérito contra a Lava Jato

STJ

Publicado em: 08/03/2021 às 22:19 | Atualizado em: 08/03/2021 às 22:19

Foi com base em um bilhete apócrifo e porcamente rabiscado que o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) mandou investigar a operação Lava Jato. Seria um ato de retaliação a procuradores do Ministério Público da força-tarefa que, sob comando de Deltan Dallagnol, teriam tentado ligar o bilhete a uma lista de propina a ministros do tribunal.

Esse rascunho contém lista de nomes de ministros da corte. Entre eles, “Campell”. O rabisco malfeito pode ser sugestão, portanto, do nome do magistrado amazonense Mauro Campbell.

Trata-se de bilhete apreendido há seis anos com um investigado da operação. Veio a aparecer agora entre as mensagens hackeadas dos telefones dos procuradores. 

Conforme a revista Veja, em seu portal neste domingo (7), o presidente Humberto Martins quer reunir provas contra procuradores da Lava Jato.

Para tanto, um inquérito sigiloso estaria em andamento no STJ. Martins quer confirmar suspeita de que havia interesse de constranger os ministros.

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Passos do STF

Dessa maneira, assim como fez o STF (Supremo Tribunal Federal) em 2019, o STJ abre investigação sem ter sido provocado. Por decisão própria de seu presidente.

Há quem veja, no próprio STJ, que essa ação contra os procuradores corrói as instituições democráticas. Para o procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, essa investigação de membros do MP é “extremamente grave e preocupante”.

De acordo com os atuais coordenadores da Lava Jato, tentativas como essa são para “favorecer retrocessos no combate à corrupção”.

Conforme os procuradores, os ministros do STJ ou outra qualquer autoridade com prerrogativa de foro foram investigadas fora da lei.

O que há por trás é a busca de “criar artificialmente um ambiente de irregularidades e ilegalidades que jamais existiu”.

A notícia, com o bilhete, é da revista Veja. Leia na íntegra.

Foto: Reprodução/Correio dos Municípios