Braga vota com bolsonaristas mas, vendo oposição vencer, muda de lado
De início, senador do MDB votou com a base de Bolsonaro, para não quebrar sigilo de sites que publicam fake news. Com derrota, mudou de lado

Aguinaldo Rodrigues, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 19/08/2021 às 19:15 | Atualizado em: 19/08/2021 às 19:15
Mostrando que procura se alinhar com o governo Bolsonaro, o senador (MDB-AM) Eduardo Braga vota com bolsonaristas e protagoniza na CPI da covid cena bem ao seu estilo.
O plenário votava requerimentos, antes de interrogar o depoente do dia, empresário da Precisa. Braga estava ausente.
Um desses pedidos, para quebra de sigilos de produtores de conteúdo e de sites conhecidos por disseminar fake news, causou a polêmica de sempre.
De um lado, os senadores de oposição, o G7, que ora conta com Braga, ora não. De outro, cinco defensores ferrenhos de Bolsonaro e suas ideias.
Por solicitação da base governista, via senador Eduardo Girão (Podemos-CE), esse requerimento foi votado em separado. E nominalmente.
O nome de Eduardo Braga é o primeiro da lista. Chamado a se manifestar, deu seu voto pelo sim. Ou seja, votou com os bolsonaristas para não quebrar o sigilo de quem espalha fake news na internet e contra a liberdade de imprensa.
Seu voto não causou tanta surpresa assim. Talvez porque parte do plenário já esteja convencida da matiz bolsonarista de Braga.
Contudo, mesmo assim, como se incrédulo, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), quis confirmar o voto de Braga. E perguntou:
“Vota com o senador Girão?”.

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Relator emudecido
Recebendo um aceno de sim como resposta, Aziz avançou na chamada. Pediu, em seguida, o voto do relator da CPI, Renan Calheiros, do MDB de Braga.
Ele demorou a dar seu voto, olhando em silêncio para o líder de seu partido. Como se tentasse digerir o indigesto “sim” de Braga a um tema tão caro à CPI e ao país. Tanto que sequer se prestou a dar o seu não ao microfone, mostrando decepção.
Dessa maneira, o presidente seguiu colhendo o posicionamento dos senadores, até chegar no vice da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Bem ao seu estilo, este “descascou” para cima dos bolsonaristas. Em suma, afirmou:
“Contra os crimes, todos os crimes contra a democracia; contra os atentados à vida dos brasileiros que esses sites [de fake news] todos propagam, propagandeando tratamento precoce, propagandeando contra o uso de máscaras, propagandeando contras as vacinas; aqueles que ameaçam acabar com a estabilidade dos poderes, ameaçam atentar contra as liberdades individuais, contra a democracia; em função de tudo isso, senhor presidente, a favor dos requerimentos propostos, ‘não'”.
Pois bem, com esse voto, o não já tinha assegurado a derrota da proposta de Girão.
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Pulando do barco
Foi então que Braga resolveu se manifestar. Alegou que se equivocou na hora de votar e que queria, portanto, ficar com o G7.
“Eu quero mudar minha posição. Eu acabei de chegar para a votação […] sempre defendi as instituições democráticas, sempre defendi a democracia e voto, portanto, ‘não’, senhor presidente”.
Aziz ainda saiu em sua defesa. Disse que Braga comunicara que ia a uma reunião e que chegou na hora da votação, por isso se equivocou.
Braga talvez estivesse articulando sua indicação para relator da recondução de Augusto Aras para a Procuradoria-Geral da República (PGR). Afinal, ele tem assumido esse posto nas recentes sabatinas de indicados de Bolsonaro.
Veja no vídeo
Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado