Iram Alfaia , de Brasília
Por conta do massacre em Manaus de 55 presos, além de outros feridos, em quatro unidades prisionais de domingo para esta segunda, dia 27, parlamentares da bancada do Amazonas e de outros estados fizeram duras críticas nesta terça-feira, dia 28, à administração do sistema carcerário estadual e brasileiro.
O deputado federal José Ricardo (PT-AM) disse que houve matança também ocorreu nos bairros de Manaus até o amanhecer desta terça.
“A segurança pública está sem controle. A privatização e terceirização do sistema prisional não resolveu. O governo federal não tem plano de segurança nacional. É hora do Moro trabalhar”, disse, criticando o ministro de Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.
Ele também encaminhou um pedido de diligência pela Comissão de Direitos Humanos, da Câmara dos Deputados, ao sistema penitenciário do Amazonas nos próximos dias.
“Na verdade, há um descontrole geral em relação ao sistema penitenciário no Brasil e no estado do Amazonas. Então, há necessidade urgente de intervenção nessa área”, disse o petista.
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De novo a Umanizzare
Já o deputado Sidney Leite (PSD-AM), cobrou uma posição do governo local.
“Mais uma chacina nos presídios do Amazonas assusta a população local e o governo precisa dar uma satisfação à sociedade. O estado tem feito pagamentos milionários à Umanizzare , que gerencia o sistema, mas o que se vê são fugas, rebeliões, motins. Até quando?”.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) classificou o massacre nos presídios de Manaus como uma atrocidade. Ele aproveitou para criticar o chamado pacote anticrime apresentado ao Congresso pelo governo federal.
“Mais familiares em desespero, pranteando filhos, maridos, pais. É uma enorme indignidade. E tem gente que acha que a solução para combater o crime organizado é aumentar o número de presos”, disse.
Missão oficial do parlamento
O deputado Alberto Neto (PRB-AM) propôs na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, da Câmara dos Deputados, a ida de uma missão oficial a presídios do Amazonas na próxima sexta, dia 31.
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Estado omisso
No Senado, o massacre levou a Comissão de Direitos Humanos a formar uma subcomissão para discutir a questão carcerária. O presidente do colegiado, Paulo Paim (PT-RS), disse que não tinha como não comentar o assunto nesta terça-feira.
“Entre domingo e segunda-feira, 56 [55, segundo o Governo do Amazonas] detentos foram assassinados, um massacre. Briga de facções? Sim. É constante em todo o país. Isso não é de agora. Há décadas o Estado se omite. Os problemas são crônicos: superlotação, má administração, corrupção, falta de profissionais, reincidência de crime, falta de atendimento”, afirmou.
Para Paim, o sistema carcerário brasileiro está falido.
“Eu não estou falando nenhuma novidade –, e vive um cenário de barbárie, isso é unanimidade, independente de questão de lógica ou mesmo partidária. A questão é: se nós identificamos o problema, por que não apontamos as soluções?”.
Privatização não resolveu
O senador gaúcho lembrou que o sistema no Amazonas já é privatizado.
“Privatizar é a solução, como alguns dizem. Pois bem, esse presídio em que, entre domingo e segunda, presos se digladiaram, 56 mortos, é privatizado. O que diz o governador? ‘Eu vou fazer outra concorrência´. Faz outra concorrência, mas, como não há interesse em resolver o problema em si, teremos outras centenas amanhã ou depois assassinadas”, disse Paim.
Foto: Luís Macedo/Câmara dos Deputados