PEC da segunda instância tem apoio da comissão presidida por Marcelo
Prisão em segunda instância tem apoio da maioria dos membros da comissão presidida pelo deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM)

Neuto Segundo, Da redação do BNC Amazonas
Publicado em: 26/02/2020 às 18:01 | Atualizado em: 27/02/2020 às 07:02
A PEC da prisão em segunda instância já tem o apoio da maioria dos integrantes da comissão da Câmara dos Deputados.
Esse colegiado é presidido pelo deputado Marcelo Ramos (PL-AM).
Por causa desse apoio, a proposta deverá ser aprovada pelo colegiado ainda neste primeiro semestre.
De acordo com levantamento feito do jornal O Globo, 22 deputados são a favor da aprovação do projeto. Apenas quatro são contra e dois ainda estão avaliando.
Leia mais
Marcelo Ramos ganha força para sucessão de Maia por ser de “centro”
Todos os 31 titulares indicados pelos partidos foram procurados, mas quatro não responderam.
Um deles, a deputada Carolina de Toni (PSL-SC), já declarou publicamente sua posição a favor da medida.
Há três vagas em aberto, ainda não preenchidas pelas indicações partidárias. Caso todos estejam presentes, a proposta precisa de pelo menos 18 votos para ser aprovada.
Conforme Ramos, há audiências públicas marcadas para debater a proposta até a última quarta-feira de março.
Depois disso, haverá debates e, então, a votação do texto.
“Se estiver maduro, e acho que estará, votaremos logo”, disse.
Alcance da punição
Ainda segundo a maior parte dos parlamentares ouvidos, a antecipação do cumprimento da pena deve ser estendida para além dos casos criminais, englobando outros tipos de ação, como civil e tributária.
Um ponto importante da PEC, no entanto, ainda divide os parlamentares: se a partir da promulgação do texto as novas regras valeriam só para novos julgamentos ou para casos já em andamento.
O relator da proposta, Fábio Trad (PSD-MS), é um dos 22 deputados que se disseram favoráveis à prisão após condenação em segunda instância e um dos 24 parlamentares que concordaram com a validade da regra para outros tipos de ação.
Entre os deputados que não responderam, está Wilson Santiago (PTB-PB), que chegou a ser afastado do mandato pelo Supremo Tribunal Federal (STF) — ele foi denunciado por corrupção pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Uma votação no plenário, no entanto, determinou que o parlamentar retomasse o cargo.
Prioridade de Moro
A aprovação da PEC é considerada prioridade pelo ministro da Justiça, Sergio Moro.
A possibilidade de prisão após a condenação em segunda instância integrava a versão original do pacote anticrime, mas o item foi retirado pelos parlamentares com a alegação de que a alteração só poderia ser feita via emenda constitucional.
Moro considera que mudanças no Código Penal, no Código de Processo Penal e na Lei de Execução Penal bastariam para garantir a execução antecipada da pena, mas, ainda assim, o ministro costuma repetir que a melhor solução é a que tiver mais apoio no Congresso.
Há duas semanas, Moro foi a uma audiência pública na Câmara para discutir o assunto.
Aos integrantes da comissão que analisa a PEC, o ministro defendeu mudanças no texto, como a possibilidade de que a modificação alcance todos os processos em andamento.
Para Moro, isso seria possível porque se trata de legislação processual — questões penais não podem retroagir em prejuízo ao réu.
Este ponto, no entanto, ainda está indefinido na comissão.
A versão apresentada pelo deputado Alex Manente (Cidadania-SP) prevê que as regras atualmente em vigor sejam válidas caso os réus já tenham apresentado recursos ao Supremo Tribunal Federal (STF) ou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O parecer da comissão será apenas uma indicação para orientar o plenário da Câmara. Por isso, sua aprovação não exige o quórum de três quintos.
Os partidos ainda têm a possibilidade de alterar os nomes indicados para o colegiado a qualquer tempo.
Leia mais em O Globo.
Foto: Câmara dos Deputados