Se o Projeto de Lei (PL) 3.729, de 2004, aprovado pela Câmara dos Deputados na última quinta-feira (13), que flexibiliza as regras de licenciamento ambiental, for aprovado no Senado, a nova legislação contribuirá de forma irreversível para a aceleração dos efeitos nocivos da ação humana no meio ambiente.
Segundo a geóloga Thulla Esteves, desde os anos 1950, com o aumento expressivo da população mundial, está em curso uma série de atividades que geram “efeitos irreversíveis” no meio ambiente.
Dessa forma, como as “alterações nos fluxos biogeoquímicos do nitrogênio e do fósforo e a perda da biodiversidade”.
Entre as modificações no meio ambiente em decorrência da intervenção humana, Thulla estuda os tecnógenos, que são “modificações antrópicas dos meios geológico e geomorfológico”.
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De acordo com ela, esses tecnógenos, podem ser de dois tipos: construídos ou induzidos.
Entre os primeiros, estão “as barragens, os aterros, as escavações, as modificações físicas e químicas de grandes extensões de solo para cultivo, dentre outras intervenções” e, entre os gerados de forma indireta, destacam-se “as erosões aceleradas pelo processo de desmatamento”.
Segundo a pesquisadora, “estas modificações da superfície sempre existiram, desde o aparecimento dos seres humanos no planeta”, mas, em decorrência dos “avanços técnicos e científicos, em grande parte ligados ao modo de produção capitalista, estas modificações sofreram uma aceleração e começaram a se replicar por todo o planeta”.
Por isso, pontua, “pesquisadores do campo das geociências sentiram a necessidade de propor um novo tempo geológico, o Quinário ou Tecnógeno (termos propostos por Ter-Stepanian em 1988): o tempo dos seres humanos como agentes geológicos”.
À luz da conjuntura brasileira, ela destaca os riscos da mineração e do agronegócio para os povos tradicionais.
A pesquisadora é autora da tese “Amazônia do Antropoceno: uma proposta socioambiental para a classificação dos tecnógenos – reflexões sobre o risco e a injustiça ambiental” (2020), tendo por objetivo central a proposição de uma metodologia de classificação para os tecnógenos, que estabelece uma relação entre estes e o risco socioambiental.
Leia a entrevista completa no site da Unisinos .
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil